Em várias festas de família nas quebradas, todo mundo embrazava ao som de “Glamurosa”, “Rap do Solitário” ou “Tudo é Festa” do eterno príncipe do funk. Márcio André Nepomuceno Garcia, o MC Marcinho, faleceu no último sábado (26), aos 45 anos, em decorrência da falência múltipla dos órgãos.
O cantor estava internado desde 10 de julho, após sofrer uma parada cardíaca. A equipe médica utilizou procedimentos como a implantação de um coração artificial, mas ele não resistiu.
Carioca, ele foi um dos principais precursores do funk melody na década de 1990, subgênero do ritmo com letras românticas e beat mais lento. O falecimento de formaprecoce abalou funkeiros por todo país, inclusive da nova geração.
“Pra mim, o que fica de importante é ele ter aberto as portas com muita luta para que os artistas jovens de hoje estivessem em melhores condições de trabalho, cachê e reconhecimento”, diz a cantora MC Soffia, 19, que mesmo estando mais inclinada ao rap, ela tem como uma das suas influências o funk.
Cria do Jardim João XXIII, na zona oeste de São Paulo, ela vê uma desvalorização da indústria com artistas que iniciaram todo o movimento do funk. “Não valorizam tanto os artistas old school, o que é uma pena”, comenta.
Do funk Consciente, Larissa Manoel, Mc Lalao do TdS, 27, recorda que as músicas de Mc Marcinho fizeram parte da infância dela, com a galera metendo o passinho e se divertindo. “Lembro das minhas tias dançando, todo mundo alegre, cantando o Rap do Solitário”, relembra.
A funkeira também comenta o que a morte de Mc Marcinho, mas também Mc Kátia que morreu no último dia 13 de agosto após complicações de um mioma refletem a falta de acesso à cuidados preventivos com a saúde.
“Recentemente perdemos a Mc Kátia, mó fita por questão de saúde. Fico pensando o quanto essa noção de cuidar da saúde, de fazer exames preventivos passa batido e não faz só quando está greve”, reflete.
Favela
Letra de Favela, música de Mc Marcinho
Orgulho e lazer, estamos à vontade
Nós somos favela
Orgulho e lazer, estamos à vontade
Somos mais você
De outra geração do funk, Valesca Popozuda, que fez sucesso no início dos anos 2000, comentou nas redes sociais sobre a morte do Mc Marcinho. “O príncipe do funk precisou descansar, tanta gente que fez história no funk partindo, que o legado do Mc Marcinho seja eterno, ele descansou porque lutou muito, meus pêsames a sua família, amigos e fãs!! Esse fez história.”
Na tarde de sábado, a ministra Anielle Franco também usou as redes sociais para falar sobre o legado do Mc Marcinho não só para o funk, mas para a música brasileira como um todo.
“Me lembro como se fosse ontem quando eu e Marielle saíamos, ainda adolescentes, para dançar ao som do Príncipe do Funk, na Maré. Hoje, recebo com muita tristeza a notícia do falecimento de Mc Marcinho. O legado de Marcinho continua vivo e sua música ecoa em todo o Brasil”, publicou.