Números da SMS (Secretária Municipal da Saúde) mostram que as subprefeituras localizadas no sudeste do município de São Paulo são as que mais realizaram mamografias em 2016. Juntas, Mooca, Vila Prudente, Ipiranga e Aricanduva somam 210.614 exames realizados ao todo. Em contrapartida, a área onde menos exames foram feitos é a oeste, com 13.590.
Até hoje a mamografia é a melhor técnica para diagnosticar o câncer de mama em mulheres acima de 40 anos. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), para este ano foram esperados 50 mil novos casos e aproximadamente 10 mil mortes. A maior incidência foi sinalizada no sul e sudeste, e a menor, no norte e nordeste da cidade.
Além da frequência com que ocorre e da quantidade de óbitos, o tumor pode causar muitas sequelas físicas e psicológicas. A pior delas é a mutilação. Em alguns casos, há a necessidade da retirada da mama, o que pode afetar a percepção sexual e a imagem pessoal do paciente.
Para a moradora de Vila Prudente, Rejane Novaes, 50, o câncer de mama foi algo esperado, embora superado com muita luta e persistência. “Deparei-me com o câncer aos 15 anos de idade pela primeira vez, quando vi a minha mãe gemendo e sofrendo de dor. Após 20 anos, com o exame de mamografia, vi que o tinha de volta. Foram inúmeros ciclos de quimioterapia. Uma das partes mais difíceis foi a retirada de um dos meus seios”, relata Rejane, que está em processo de reconstrução mamária.
A reconstrução mamária é parte integral do tratamento do câncer de mama. O melhor momento para a reconstrução deverá ser sempre discutido com o médico e ela pode ser feita antes ou após a mastectomia (que é a remoção total da mama).
Cristina Helena Rama, 48, ginecologista afirma que fazer exames de rotina é muito importante para a saúde feminina. “O autoexame, que é a apalpação nos seios, é aconselhável ser feito antes dos 40 anos, caso a mulher identifique alguma retração de pele não associada à inflamação, mudança no formato, na textura ou no tamanho do seio, inversão do mamilo, ou saída de secreção. Nestes casos, o médico pode solicitar uma mamografia. Daí não se trata de exame de rastreamento, mas de diagnóstico em busca de explicações para a modificação observada”.
Assim que completou 40 anos, neste ano, a estudante de Serviço Social, Hellen Goulart, moradora do Imirim, região onde há uma das menores incidências de mortes por câncer de mama, realizou pela primeira vez a mamografia. “Foi a primeira vez que realizei o exame. Como eu tenho a mama muito pequena, eu sofri um pouco mais, o que tornou a minha experiência ainda mais desconfortante. São apenas segundos de dor, mas é uma única vez por ano, em forma de combate a uma doença que traz dores ainda maiores”, ressalta.
A moradora do bairro da Mooca, Marisa Cavalcante, 45, também compartilha do mesmo sofrimento que Hellen. “Faço o exame de mamografia todo ano, às vezes até mesmo de seis em seis meses. É bastante constrangedor e doloroso, mas é algo necessário e que não abro mão”, finaliza.