Cabisbaixa com um bebê no colo, a dona de casa Michele Lopes da Silva, 35, escutou atenta a audiência sobre o Plano de Metas, ocorrida no último sábado (8), na sede da Prefeitura Regional da Freguesia do Ó/ Brasilândia, zona norte de São Paulo. A jovem não quis apresentar suas propostas, como outras 22 pessoas que tiveram o direito a três minutos de fala no microfone aberto. Ela tinha somente uma expectativa: solução imediata para a sua situação de moradia.
“Estou em uma invasão, depois que fui expulsa da anterior. Agora, sem ajuda, meu barraco está aberto. Quando chove, ele molha e eu preciso de auxílio urgente”, diz Michele, que está desempregada e mora com três filhos em uma ocupação no bairro Jardim Vista Alegre. A jovem foi à audiência acompanhada de um grupo de 15 pessoas que vivem na mesma situação que ela.
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Na região administrada pela Prefeitura Regional da Freguesia do Ó/ Brasilândia, em 2015, 20,23% das habitações eram em favelas, segundo dados do Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo.
Sobre a questão da moradia na cidade, o Plano enumera como metas o atendimento a 210 mil famílias beneficiadas por procedimentos de regularização; a entrega de 25 mil unidades habitacionais para atendimento via aquisição ou via locação social (sendo que desses, 6.663 mil contam com recursos próprios do município); e o atendimento de 27.500 famílias beneficiadas com intervenção integrada em assentamentos precários (sendo 14.166 com recursos próprios dos municípios).
Se de um lado, as moradias chamam a atenção, não é possível tratar do tema ocupações na região sem falar das questões ligadas às áreas verdes. A preocupação com o meio ambiente teve coro expressivo na audiência, principalmente, por conta da participação de membros de movimentos e associações locais.
Para Ana Sueli da Silva, 51, integrante do Movimento em Defesa do Parque Municipal da Brasilândia, há ausências de propostas no documento apresentado. “Queremos a continuação da desapropriação das áreas para a implantação do parque da Brasilândia, conforme e respeitando o Plano Diretor. É preciso também requalificar o Parque Linear do Canivete e implantar a coleta seletiva no distrito”, diz.
André Cintra, 36, do Fórum em Defesa da Zona Noroeste, também criticou o documento. “O governo não regionalizou as metas, não tem uma grande obra, como parques e hospitais. As propostas de campanha não estão lá, como a contratação de 800 médicos ou a construção de 30 piscinões, ou seja, nem corresponde ao programa eleitoral e nem cumpre a lei que regulamenta a sua organização. Sem contar que não cita a região”, diz Cintra.
Sobre a falta de regionalização do plano, a vereadora Aline Cardoso (PSDB) justificou ao fim da audiência que a versão final incluirá esse fator. “Depois das consultas públicas, o Plano de Metas será regionalizado e as audiências públicas estão ajudando nessa regionalização”.
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Foto principal: Avelino Regicida/ Flickr