Após oito meses em funcionamento parcial, a estação Bruno Covas/Mendes-Vila Natal, da linha 9-Esmeralda de trens metropolitanos, passará a receber passageiros em horário integral, das 4h até a meia-noite, a partir da segunda quinzena de maio. O anúncio foi feito na quinta-feira (28) pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos.
Administrada atualmente pela ViaMobilidade, que assumiu a operação da linha em janeiro deste ano, a estação foi inaugurada ainda em obras, em agosto do ano passado, pelo ex-governador João Doria (PSDB). Desde então, tem funcionado com a chamada operação assistida, que limita a circulação dos trens entre 10h e 15h.
Moradores da Vila Natal, bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, criticam a longa espera pela extensão do horário. A advogada Kelly Sampaio, 34, é vizinha à estação e conta que o funcionamento integral ajudaria no deslocamento diário do filho, que tem 15 anos e estuda em uma Etec (Escola Técnica Estadual) na Vila Formosa, zona leste da cidade.
“Ele gasta 40 minutos do [terminal] Grajaú até em casa”, explica Kelly. Com a estação funcionando em horário integral, o jovem eliminaria esses minutos das 2h40 que leva para chegar ao colégio atualmente.
A advogada diz que o transporte público no bairro piorou nos últimos anos, principalmente depois do corte de seis itinerários que atendiam a região. “A gente viu o transporte se degradando. Tínhamos oito linhas e agora só temos duas que não atendem ao bairro em geral”, conta.
As linhas citadas pela moradora são a 6057-10 e a 6056-10, que ligam respectivamente a Vila Natal e o bairro vizinho Parque Santa Cecília ao terminal Grajaú, onde também fica a estação de trem.
Ambos os coletivos são motivos de reclamação para quem vive na região. A reportagem da Agência Mural visitou o bairro e conversou com moradores em um ponto de ônibus. Todos os entrevistados criticaram a lotação e disseram que frequentemente precisam esperar vários veículos para conseguir embarcar.
Marcelo Francisco, 38, trabalha próximo ao terminal Grajaú e conta que a demora para conseguir entrar nos ônibus faz com que ele frequentemente se atrase para o trabalho. “Acho que deveria aumentar mais a frota da cooperativa”, diz.
Bibiana Souza, 29, trabalha em uma ONG em Parelheiros, no extremo sul, e também espera bastante para seguir viagem. “Espero quatro ônibus [para conseguir entrar]”, conta.
Ela acredita que, quando a nova estação estiver funcionando em horário integral, a lotação será menor. “A maioria vai para o terminal Grajaú, então poderia pegar [o trem] aqui”.
Antônia Costa, 59, conta que a extensão do horário da estação vai representar uma melhora importante na mobilidade da região aos finais de semana, quando os ônibus têm intervalos de até 25 minutos.
“Você espera e o ônibus não vem. Aí acaba procurando um Uber porque não tem como chegar”, explica ela, que já optou por pagar pelo transporte de aplicativo depois de esperar o ônibus durante vários minutos.
Em nota, a SPTrans diz que monitora diariamente o deslocamento dos passageiros de ônibus na cidade com o objetivo de realizar eventuais ajustes, caso seja constatada a necessidade. Afirmou ainda que a equipe de fiscalização foi acionada e, caso haja alguma irregularidade nas linhas, serão tomadas “ações pertinentes” junto à empresa responsável.
A Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre o motivo da estação ter demorado tantos meses para sair da operação assistida.