Como na história da Grécia Antiga, em que um grupo de pessoas saía de suas casas com o objetivo de discutir melhorias para a política local de Atenas, os moradores de Ermelino Matarazzo, na zona leste, têm feito o mesmo.
A cada segunda-feira, um tema é escolhido para ser abordado. Cada um dá a sua colaboração, ouve o que o outro tem a dizer e assim o Plano de Metas da região, que será entregue no dia 13 de março ao prefeito João Dória, é elaborado.
Sob o comando de Ivan Ribeiro, 41, membro do Grupo de Lideranças de Ermelino Matarazzo e Ponte Rasa (GLEMPR), e de diversos movimentos empresariais e sociais da região, as reuniões na igreja São Francisco de Assis acontecem.
“O único propósito daqui é traçar melhorias para o local onde moramos. Estamos trabalhando no campo das idéias para estruturá-las e, após isso, levá-las adiante”, diz.
Com o intuito de fortificar e intensificar ainda mais a discussão, um grupo no Whatsapp de nome “Lideranças Ermelino Ponte Rasa” foi criado. Pouco mais de 100 pessoas participam, mas nem todas podem ir às reuniões.
“Esse é um dos grandes problemas que enfrentamos. Queríamos que mais pessoas estivessem presentes, pois é aqui que a construção das ideias acontece. Independente de partido, busca-se melhoria no distrito”, complementa Ribeiro.
PLANO DE METAS
Ao longo das reuniões que aconteceram a partir de janeiro deste ano, foram discutidos inúmeros temas como educação, saúde, idoso, cultura etc., mas um dos temas que mais assola os brasileiros e, exclusivamente os moradores do distrito, é o emprego.
O morador Paulo Mesquita, 55, desempregado há pouco mais de um ano e frequentador das reuniões, comenta que tem experiência na área de consultoria, marketing, relacionamento, atendimento e treinamento.
“Embora esteja difícil em função da minha idade, muitas empresas se negam a contratar e a realocação no mercado de trabalho se torna cada dia mais complicada. Em função disso, vivo de trabalhos extras que aparecem”, diz.
Desde 2012, a região do Ermelino vem sendo apontada como uma das piores nos indicadores de pessoas desempregadas, com 11,60%, de acordo com dados do Observatório do Cidadão. Entre a faixa etária mais afetada estão os jovens, com 14,64%.
Pensando nisso, os moradores solicitam núcleos de atendimento aos trabalhadores desempregados e uma atenção especial aos jovens com cursos profissionalizantes, já que são os mais afetados.
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Além disso, pedem políticas de incentivo aos comerciantes para gerar emprego; um aplicativo que mapeie os tipos de serviços que cada bairro do distrito tem a oferecer; uma forma de fazer a economia local dos bairros girarem; a abertura de espaços em locais públicos para feiras de artesanatos, alimentação e etc em ruas de lazer também é uma das demandas.