Três minutos era o tempo que cada morador de Santo Amaro tinha para expor suas demandas para a região no sábado (13), durante a audiência pública de Elaboração da Lei Orçamentária Anual para 2017. Muitas petições foram feitas, como drenagem, hospital veterinário, ampliação de atividades de contra turno escolar, contratação de engenheiro agrônomo ou biólogo para acompanhar podas de árvores, plantio de árvores e asfalto das ruas. Mas, alguns munícipes aproveitaram o momento para reforçar uma demanda que desde novembro de 2015 têm reivindicado: a construção de um parque na avenida Professor Alceu Maynard Araújo.
Ao tomar conhecimento sobre a extensão de 3,2 km da avenida Doutor Chucri Zaidan até a avenida João Dias, que servirá como uma paralela à Marginal Pinheiros; e também da construção da nova ponte Laguna, que liga o bairro Parque do Morumbi à rua Laguna, na Vila Cruzeiro, do outro lado da marginal, os moradores criaram o movimento “Nosso Parque”. Segundo eles, o principal motivo é o impacto ambiental que as obras causam à região, além da intensificação do trânsito.
“O impacto é realmente grande em relação à parte ambiental e à biodiversidade. Tivemos cortes de mais de 1200 árvores”, afirmou William Caires, 40, morador da Vila Cruzeiro e integrante do movimento “Nosso Parque”.
A petição já foi levada em audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo em audiência pública. “Estivemos também na CPI do Meio Ambiente, onde se constatou que realente há um impacto ambiental no bairro da Vila Cruzeiro”, conta Caires.
Em relação às áreas verdes, a subprefeitura possui 2,27 m² para cada morador, segundo dados do Observatório Cidadão, obtidos por meio do IBGE, do SVMA (Departamentos de Planejamento Ambiental e Parques e Áreas Verdes), da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. São 81% a menos do que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabeleceu 12 m² por habitante, indicativo para que o poder público se esforce em criar ou ampliar espaços de preservação de área verde, tanto para conservação de ecossistemas, com uso restrito para pesquisa, quanto para lazer, com uso intensivo como parques e praças.
Durante os três minutos disponíveis, os moradores apresentaram o valor do orçamento de R$ 6 milhões que estimam, segundo pesquisas articuladas pelo próprio movimento, para um parque de 14 mil metros quadrados.
O subprefeito de Santo Amaro, Laerte Ribeiro de Oliveira, concorda que as demandas apresentadas para a região são justas. “Esta é uma etapa importante [da Elaboração da Lei Orçamentária Anual], eu acho que a população junto com o conselho participativo e com o CEPOP (Conselho do Orçamento Participativo) compreendeu bem”, disse.
A Lei Orçamentária Anual (LOA) define as prioridades contidas no Plano Plurianual e as metas que têm que ser atingidas no próximo ano. A LOA disciplina todas as ações da prefeitura e é fundamental para garantir a transparência da gestão.
“A nossa tarefa é ajudar a população apresentando e discutindo depois com os vereadores, na Câmara, estas propostas para garantir que elas sejam incorporadas no orçamento”, explicou o subprefeito.
A expectativa de Caires é clara. “A gente espera que o resultado final desta participação seja possibilitar a implantação”, defendeu.