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Moradores do Jardim Pantanal criticam proposta de remoção e buscam doações

Por: Karine Ferreira e Malu Marinho

Com quase uma semana ilhados e sem previsão de quando a água vai baixar, moradores do Jardim Pantanal, distrito do Jardim Helena, zona leste de São Paulo, temem pelo futuro. Enquanto a comunidade tem se unido para buscar doações e ajudar as famílias atingidas pelo problema, há ainda a sensação de descaso com falas sobre remoção.

“É complicado sair de uma comunidade e ir pra outra, ninguém consegue comprar um imóvel com R$ 50 mil”, diz André Batista da Silva, 38, assistente social, morador do Jardim Pantanal.

A fala dele é uma resposta a declaração do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na segunda-feira (3), o gestor afirmou que obras de drenagem e contenção da água de extravasamento do rio Tietê não são uma opção viável. Ele disse estudar “ajuda financeira”, com auxílio de R$ 20 mil a R$50 mil para incentivar os moradores a deixarem a região.

Rua alagada na zona leste, no Jardim São Martinho @Karine Ferreira/Agência Mural

O comentário gerou incômodo por parte dos moradores, a exemplo da bacharel em direito Bruna Costa, 25, que vive no Jardim Helena, e afirma que o deslocamento dos locais não seria a alternativa mais humana.

“Ele [Ricardo Nunes] está tratando as pessoas como se fossem um objeto: eu tiro o bonequinho daqui e coloco para lá”, comenta. “Isso não engloba tudo o que o ser humano é: a rotina, o trabalho, a vida, a história”

‘Tem gente que gosta de morar aí e tem gente que mora que não tem como sair. Você tem que ajudar essa pessoa a ter um estilo de vida melhor, um emprego melhor, para ela poder ter condição e engloba muito mais que só dinheiro’

Bruna Costa, ativista da zona leste

O Jardim Pantanal é um bairro onde vivem cerca de 45 mil pessoas. A região está localizada dentro do Jardim Helena, distrito com cerca de 129 mil moradores, que também foram vítimas dos alagamentos dos últimos dias, assim como o Jardim Izildinha, no outro lado do rio Tietê, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

A analista de marketing Camila Santos Soares, 25, moradora do Jardim Izildinha, comenta que há um descaso por parte da prefeitura em relação aos problemas de enchente.

‘As pessoas estão vivendo nessa situação humilhante e não vejo nenhuma opção de melhora. Todo mundo sabe da questão dos alagamentos aqui e ninguém está interessado’

Camila, moradora do Jardim Izildinha

Nada de novo

“Minha família e eu já passamos por diversas enchentes”, diz o assistente e ativista social, André Batista. “Me lembro de quando tinha cinco, seis anos de idade, de ver a gente perdendo tudo em alagamento. A gente trabalha e a enchente leva tudo”.

“É uma luta geracional. Os meus avós estão há muito tempo falando desse problema para os governantes que parecem não dar o devido valor, e nunca temos uma resposta concreta do porquê não se pode resolver”, comenta a advogada Bruna Costa, do Jardim Helena.

Bairro já sofre com problemas há décadas, segundo moradores @Arquivo Pessoal

Além dos bairros da zona leste, regiões que ficam no limite entre as cidades de São Paulo e Guarulhos, como o Jardim Izildinha, também acabam sofrendo a mesma pressão das enchentes, o que ambas regiões têm em comum é o cotidiano próximo a trechos do rio Tietê.

“No final do ano passado, na semana entre Natal e Ano Novo, encheu bastante aqui, a gente quase ficou ilhada também e a água demorou muito a descer”, afirma Camila.

Os moradores relatam que as chuvas deste ano atingiram pontos em que a água não chegava antes.

Para a moradora, há o desgaste emocional que as enchentes trazem, além dos perigos de contaminação devido à concentração de água no local. “Ainda tenho privilégio de trabalhar de casa, mas minha mãe não consegue, então, ou ela encara a água suja de esgoto, ou ela não vai receber o salário. Ela precisa se expor ao risco de doenças“, diz a analista de marketing.

Além da fala do prefeito Ricardo Nunes, nesta terça-feira (4), surgiu um protesto dos moradores que pedem a abertura da comporta de uma represa na Grande São Paulo. Para alguns, essa é uma das possíveis causas dos alagamentos e de a água não ter baixado.

“A água eles soltam na represa em Mogi, porque se não soltar a represa ela quebra, e eles fazem o quê? Deixam as periferias embaixo d’água”, comenta a analista de marketing, Camila Santos Soares.

De acordo com Bruna, esse foi o maior alagamento que ela viu na última década. Pensando nisso, como uma forma de ajudar outros moradores que estão passando por dificuldades devido à enchente, ela se organizou para montar um ponto de recolhimento de roupas, mantimentos e objetos de higiene básica.

Procurada, a Prefeitura de Guarulhos afirma que intensificou os serviços de roçagem de áreas pública e limpeza de valas de drenagem, rios e córregos nos bairros Jardim Palmira, Vila Flórida, Cidade Aracília, Cidade Tupinambá, Vila Rio de Janeiro, Jardim São João, Jardim Otawa e Cidade Seródio.

CONFIRA ALGUNS PONTOS DE DOAÇÃO PARA APOIAR AS FAMÍLIAS

1

S.O.S Juntos pelo Jardim Helena

Precisamos de: 

  • Alimentos não perecíveis
  • Embalagens para marmitex (isopor)
  • Água (qualquer tamanho)
  • Fraldas
  • Roupas em bom estado

Faça sua doação no ponto de arrecadação: Rua Ubapitanga, 1B – Jardim São Martinho

Falar com Bruna (11) 95914-8615

2

Entrega: Rua Serra da Juruoca, 150 (CEI) – Jardim Lapenna

O que doar:

  • -Alimentos não perecíveis 
  • -Água potável 
  • -Colchão e cobertores 
  • -roupas e calçados 
  • -produtos de higiene pessoal 
3

Instituto NUA 

Fórum Social da Zona Leste

Endereço: Uni Diversidade da Quebrada – Rua Rio Biá, nº 50

Pix: institutonua@hotmail.com instituto.cacimba@gmail.com

https://www.instagram.com/p/DFk5o1Pv28T/?igsh=MnNjdDQ4MXdlcTk1 

4

Outras formas de ajudar:

Pix: brasilpopularsp@gmail.com

11 98813-0942 (Igor)

5

Fundação Tide Setúbal 

Banco Itaú 

8729 – Agência 

25.434-4 – Conta Corrente

CNPJ: 07.459.655/0001-71

 

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