De professora a dona do próprio negócio, a reviravolta profissional de Shirlei de Brito Trajano, 29, começou há um ano, assim que ela trocou a sala de aula para abrir, em sua própria casa, a Trajano Doceira.
“Eu dava aulas na educação infantil para crianças de três anos. Tinha registro em carteira, um trabalho comum e formal”, revela a moradora de Ermelino Matarazzo, no extremo leste da capital paulista.
“Eu não estava feliz, e como sou solteira e não tenho filhos, achei que era hora de arriscar em uma nova carreira. Comecei a pesquisar onde poderia investir. Como tenho paixão pela cozinha, me preparei para iniciar uma doceria em casa mesmo”, conta.
Como o investimento financeiro era baixo, Shirlei decidiu apostar não só dom para cozinhar. Ela fez cursos online sobre doces e quer estudar também empreendedorismo.
“Posso dizer que estou indo muito bem. Recebo encomendas de aniversário ou ‘mêsversário [comemorações mensais], casamentos e chás”, comemora a empresária.
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A confeiteira de Shirlei parece remar na mesma onda que muitas mulheres brasileiras têm navegado. No Brasil, nos últimos 14 anos, de acordo com informações do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), houve um aumento em 34% no número de mulheres empreendedoras. No estado de São Paulo possui 1,6 milhão de donas de empresas, representando 20,1% do total do país.
Em 2016, o estudo “Entrepreneurship Monitor” (GEM), feito em parceria com o Sebrae e o IBQP, mostrou que a taxa de empreendedorismo inicial, entre os novos empreendedores, é maior entre as mulheres, que representam 15,4%, ante 12,6% dos homens.
Ainda segundo a pesquisa, entre os novos empresários, 48% das mulheres iniciam seus negócios porque precisam; já entre os homens esse número cai para 37%.
TERAPIAS E MARMITAS
Foi por necessidade que Zenaide Almeida, 40, optou por investir em terapias corporais e massoterapia há 10 anos. Os transtornos de ansiedade do antigo trabalho, como coordenadora de eventos, começou em 2004.
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“Tive que parar de trabalhar por causa do stress e fazer tratamentos alternativos que duraram seis meses. Quando melhorei, saí dessa área para me reinventar”, diz a massoterapeuta autônoma que mora na Vila Zilda, na zona norte.
Na outra ponta da cidade, Regiane Sorbo, 38, não pensou duas vezes em trocar o emprego CLT para ter mais tempo para a família. “Eu tinha um salário ótimo, mas passava por muito stress, viajava bastante”, afirma a moradora de Pirituba, proprietária do Flor d’Abóbora, loja na qual prepara marmitas fitness.
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“Trabalhei 12 anos na área da saúde como consultora de custos hospitalares e gestão de projetos. Há dois anos, larguei tudo para correr atrás do meu sonho e ter meu próprio negócio”, revela ela, que atende clientes das zonas norte e sul.
O interesse no negócio se deu por causa do próprio estilo de vida, mais regrado e saudável. “O mercado desse ramo está em alta e tem um bom retorno financeiro. O melhor de tudo é que, como trabalho de casa, me adapto às minhas necessidades”, revela.
“Pude até avisar meus clientes sobre minha gravidez e meus dias de pausa”, conta Regiane, que está prestes a contratar uma funcionária e divide seu tempo com os cuidados com seu bebê 45 dias.