Uma mulher de 27 anos morreu no domingo (5) em Vargem Grande Paulista, cidade da Grande São Paulo. Nesta quarta-feira (8) veio a confirmação de que o caso se trata da terceira morte do município de 50 mil habitantes por causa da Covid-19.
“Este é um momento em que precisamos de um comportamento mais consciente da população, mantendo o distanciamento social e seguindo todas orientações das autoridades sanitárias”, pediu a prefeitura ao comunicar o caso. A gestão afirma que a paciente tinha comorbidade (a ocorrência de outras doenças ao mesmo tempo).
Distante 50 km da capital, o município com clima interiorano é um exemplo de como o coronavírus começa a avançar também para a região metropolitana. Das 39 cidades que formam a Grande São Paulo, 36 delas já somam casos, enquanto 23 somam óbitos. Em Poá, no Alto Tietê, foi notificada a primeira morte nesta quarta-feira (8).
Por outro lado, apenas Pirapora do Bom Jesus, Salesópolis e São Lourenço da Serra não possuem casos.
Ao todo, são 6.239 casos, dos quais 5.137 são da capital. Também houve 428 mortes confirmadas de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, sendo 341 no município paulistano e o restante nas cidades vizinhas. De terça para quarta, houve uma alta de 800 casos.
Os números foram compilados pela Agência Mural junto às administrações e ao governo do estado. Nas páginas das gestões municipais têm sido comum a informação do total de casos suspeitos que ainda aguardam análise, o que não é mais divulgado pelo estado. Os dados aumentam a proporção.
São 25 mil pessoas que seguem em investigação da Covid-19. “A demora na atualização dos dados se dá porque os exames do sistema público de Saúde são feitos pelo Instituto Adolfo Lutz, que recebe demandas de todos os municípios de São Paulo”, alegou a prefeitura de Mauá.
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Com o número incerto de infectados, as prefeituras têm mantido as medidas de isolamento social, enquanto tentam ampliar o número de leitos de UTI e hospitais de campanha.
“Esse retardamento no resultado dos exames impacta no planejamento das autoridades sanitárias”, avalia Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética.
“Quando as unidades de saúde, o prefeito, o ministro, não tem a real situação em tempo precoce para tomar as medidas, isso preocupa. É questão de logística, quanto mais você souber dos dados em tempo real, melhor você planeja e ações futuras”, ressalta.
Ainda à espera de resultados, por exemplo, os hospitais têm cuidado dos pacientes e adotado medidas de isolamento. Em Carapicuíba, há quatro moradores na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e outros 18 com suspeitas que ainda não se sabe estão infectados. Em Santo André são quase 80, 34 na UTI.
“Toda nossa crise é estrutural. Não é crise sanitária ou financeira. Veja que as nações mais ricas, Europa e americanos, não estavam preparadas para receber um número tão grande de pessoas infectadas e com a necessidade de um tratamento intensivo, por isso que o isolamento é importante para frear a velocidade”, diz Cabal.
“[É] importante que a curva seja mais horizontal possível. Se for agora, haverá colapso em todo nosso sistema de saúde”.
MAIS MORTES E CURAS
O número de vítimas também deve ser maior. Há 223 mortes que ainda aguardam o resultado dos exames. As cidades com mais suspeitas nesse sentido são Guarulhos (43) e Barueri (31). Ambas já registraram óbitos.
A segunda cidade com mais casos, depois da capital, é São Bernardo do Campo, onde os casos passaram dos 100 e há 16 óbitos contabilizados.
Por outro lado, algumas prefeituras têm divulgado também as boas notícias. Das pessoas que foram internadas com Covid-19, 149 já estão em casa e curadas. Não é possível, contudo, verificar a porcentagem geral da região metropolitana, pois apenas Santo André, Osasco, Mogi das Cruzes, Barueri, Cotia, Ribeirão Pires e Cajamar divulgaram esse dado.