Thomas Asani, 56, mora em Cotia e é dono do açougue e padaria Mieko há seis anos, no Bandeiras, em Osasco, na Grande São Paulo. Com diabetes e hipertensão, ele manteve o comércio de alimentos aberto, mas desde sábado (21) estabeleceu junto com os funcionários regras por conta dos riscos com a pandemia da covid-19.
O local teve uma das entradas interditada por uma faixa e na outra é feito um controle para impedir a aglomeração.
“Pedimos para [os clientes] manterem no mínimo um metro de distância”, conta. “Eles estão entendendo. No começo houve um pouco de reclamação por ter que esperar fora, mas no geral estão entendendo sim”.
As medidas de segurança do tipo têm sido adotada por diversos comerciantes de produtos essenciais nas periferias da capital e de cidades da Grande São Paulo. Com a quarentena declarada esta semana para conter o avanço do coronavírus, a abertura de comércios foi limitada a supermercados, açougues, padarias, sacolões e oficinas, entre outros.
O motivo é justamente manter o abastecimento da cidade e não causar outros riscos à saúde da população. Contudo, a segurança desses funcionários que seguem na ativa para se proteger da doença é uma preocupação constante.
“A situação dos comerciantes que continuarão com seus comércios abertos é de muita vulnerabilidade”, afirma o microbiologista Sidcley Silva de Lyra. “Estarão em contato com possíveis pessoas infectadas e objetos contaminados, a atenção e cuidados terão que ser redobrados”.
Lyra listou uma série de medidas que podem ajudar a evitar riscos de contágio. [Veja todas aqui]. “É essencial que os empregadores disponibilizem álcool em gel 70% para o uso dos funcionários, assim como materiais de limpeza e dispensem funcionários que apresentem algum tipo de sintomas do coronavírus”, ressaltou.
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No Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, algumas marcações no chão organizam a fila da padaria Pan Doçura, no Jardim São Bento Novo.
Esta foi apenas uma das precauções adotadas pelo proprietário Paulo de Tarso Sérgio, 51. Desde o início da quarentena, ele afastou os funcionários com problemas respiratórios e passou a dar prioridade a gestantes e idosos que vão à padaria.
“Também estamos evitando ficar conversando com os clientes, tanto que tiramos as mesas daqui. Deixamos só um funcionário no balcão e um para atender os pedidos. Nossa ideia é que eles venham, comprem e já voltem pra casa, é mais seguro”.
Segundo Paulo, a quarentena não diminuiu o movimento da padaria. Ainda assim ele optou por baixar os preços do pão francês durante o período: era R$ 0,35 a unidade, e desde quinta-feira (26) está saindo por R$ 0,25, ou R$ 0,20 caso o cliente leve sacola de casa.
“É para ajudar o pessoal que está sem trabalhar, que está com criança, conseguir ter o pão todo dia”, explica o comerciante.
DELIVERY
Os cuidados também são listados por locais que mantiveram entregas por delivery. Alguns contam que o movimento seguiu forte no último fim de semana. É o caso de Rogerio Almeida, 41, proprietário da pizzaria RR Brasil, em Cidade Tiradentes, na zona leste, comentou que os cuidados redobrados com a higiene foram tomados.
“O movimento está normal. Estamos usando máscaras e bastante álcool em gel. Mantivemos o mesmo quadro de funcionários”, explicou Almeida.
Já para Valter Lima, 52, proprietário do restaurante de comida chinesa e pizzas ‘Espere Um Pouco’ os pedidos cresceram.
“Disponibilizamos álcool em gel, sabonete líquido, luvas e máscaras para os colaboradores internos e entregadores que visitam a residência de nossos clientes. O quadro de funcionários continua o mesmo e a atenção com a saúde foi redobrada”, explicou Lima.
Já para Fabiana Nunes, 30, proprietária da pizzaria Mirella, as vendas diminuíram. No entanto, a atenção à higiene segue firme.
“Trabalham somente duas pessoas dentro da área do forno e com máscaras e uniformes sempre limpos”, diz. “Cobro sempre para lavarem as mãos com sabão. Uma atendente fica no telefone e outra no Whatsapp. Sempre tomamos o cuidado de passar álcool em gel nas mão. Também passamos álcool líquido no balcão e nas máquinas de cartão”.