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No clima do Oscar 2024: confira 7 lançamentos de filmes das periferias de SP

Por: Egberto Santana e Isabela Alves

O Oscar 2024, principal premiação cinematográfica americana, será no próximo domingo (10 de março). Quem acompanha, costuma fazer uma maratona para assistir os filmes e palpitar sobre os vencedores. Mas e quanto ao audiovisual das nossas quebradas? Quais os destaques e lançamentos que foram gravados nas periferias de São Paulo?

Com o intuito de reunir os principais nomes do audiovisual dos territórios periféricos, a Agência Mural selecionou 7 filmes que passaram por festivais e mostras de cinema para você fazer a lista e conhecer.

Fluxo – O Filme

Gravado em Cidade Tiradentes, Fluxo – O Filme conta a história de Fábio, um jovem de 22 anos que, após o término do relacionamento, vai em um fluxo de funk com amigos. No caminho, enfrenta dilemas, conflitos internos e externos que atravessam desde a juventude até as relações pessoais.

O curta-metragem traça uma jornada de memória e homenagem à vivência da juventude dentro dos bailes funk, entre o lazer e a violência policial presente nas periferias.

Bastidores do filme “No Fluxo” @tchaka

A pré-estreia aconteceu em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, reunindo cerca de mil pessoas no Vão do Anhangabaú para a exibição. No mesmo mês, passou pelo Lift-Off Filmmaker Sessions, em Londres, mostra dedicada à exibição de filmes independentes de novas vozes ao redor do mundo.

A equipe também planeja um lançamento oficial em 21 de abril, dia do aniversário da Cidade Tiradentes, para que a galera da quebrada possa assistir o filme gravado no próprio território.

Por enquanto, o filme segue em cartaz online até o dia 14 de março na Mostra Competitiva Na Tela da Quebrada.

Terror Mandelão

Dirigido por GG Albuquerque e Felipe Larozza, respectivamente, de Recife e São Paulo, Terror Mandelão é um documentário sobre a cena do mandelão, um dos estilos de funk paulista mais populares nas quebradas da capital, principalmente no baile do Helipa, em Heliópolis, na zona sul da capital.

É lá onde o personagem principal do filme, DJ K, de São Bernardo do Campo, realiza shows para milhares de jovens de todos os cantos do Brasil.

DJ K em sua casa, em São Bernardo do Campo em cena do filme Terror Mandelão @Felipe Larozza

O longa acompanha a vida de DJ K, mas, principalmente, o trabalho musical do artista: o corre para chegar a tempo nos shows, a produção em estúdio e o convite internacional para fazer um disco e uma turnê pela Europa. O filme também conta a mudança de vida do MC Zero K, que acompanha o DJ nos shows e canta algumas das faixas produzidas por ele.

O documentário também experimenta com efeitos visuais dentro dos bailes funk, com riscos na tela e distorções que combinam com a sensação caótica da própria música, composta por graves e agudos agressivos. Terror Mandelão estreou na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes e promete circular por mais festivais ao longo do ano.

Engole o choro

Nas ruas de Itaquaquecetuba, Anderson, um jovem negro de 17 anos, rouba uma moto, anda a mil pela noite, tromba antigos amigos e termina o dia na delegacia, com a testa cortada. Quem o busca é o pai, tão distante quanto os amigos. Se a bravura o domina com a moto, é a partir do encontro na delegacia que ele irá lidar com os sentimentos.

A narrativa é econômica e possui apenas 10 minutos, que permite explorar os gestos, olhares e aproximações entre os dois personagens, com mágoas e ressentimentos um pelo outro.

Legenda: Nato Novaes interpreta o pai de Anderson no curta-metragem Engole o Choro, filmado em Itaquaquecetuba @Yago Nuan

Dirigido por Fábio Rodrigo, também de Itaquá, Engole o Choro estreou no Festival do Rio de 2023 e segue passando pelos festivais e mostras de cinema.

O roteiro do curta vai se transformar em um longa-metragem, depois de passar pelo Brlab, laboratório com foco em filmes em projetos audiovisuais em desenvolvimento, e ter sido selecionado pela incubadora do Projeto Paradiso, projeto de investimento em formação profissional do setor audiovisual.

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O documentário da cineasta estreante, Kerexu Martim, celebra a retomada do plantio de variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, localizada no bairro da Barragem, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo.

Protagonizado pela ativista e liderança indígena Jera Guarani, o filme retrata a luta de uma década para recuperar as áreas secas e degradadas da região.

O milho é considerado um alimento divino para a população indígena, portanto, o plantio passa por rituais e bênçãos até o momento da colheita e quando a aldeia se reúne para alimentar o corpo e espírito.

Como reconhecimento pelo curta, a diretora recebeu o Prêmio Helena Ignez de Destaque Feminino, na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

Mborairapé

Dirigido por Roney Freitas, o curta-metragem foi realizado em parceria com o grupo de rap indígena Oz Guaraní e os artistas Guarani Mbyá das aldeias Itakupé e Pyau, localizadas no Jaraguá, bairro da zona norte de São Paulo.

Cena de Mborairape @Divulgação

Em Mborairapé, os protagonistas revelam a conexão com a natureza e ancestralidade através da música, por meio das canções, com rimas poéticas que trazem o contexto social, político e cultural da aldeia do Jaraguá.

O filme já passou por importantes festivais brasileiros, como a 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o 34º Curta Kinofórum, e foi premiado como melhor curta no IV Jornada de Estudos do Documentário (PE).

Justa causa – Motoboys Kamikazes

Dirigido por Ubirajara Gonçalves Filho, nesta animação de ficção científica, composta por diversos estilos, como o 2D, 3D, montagens digitais e fotografias, conhecemos a história de luta dos motoboys kamikazes, que se unem contra a Kung Food, em um retrato lúdico que denuncia a violência policial e a uberização do trabalho.

A empresa de delivery prega a filosofia de que esses homens e mulheres são empreendedores, quando na verdade o grupo está sendo explorado por menos de um salário mínimo. Liderados por Grilo, eles lutam por melhores condições de trabalho.

Maçãs no escuro

O longa-metragem dirigido pelo paraibano Tiago A. Neves retrata a vida e obra de Edson Aquino, um dramaturgo underground da cena em Diadema, município do Grande ABC, em São Paulo.

O filme foge da linguagem tradicional sobre como retratar a trajetória épica de um artista e apresenta o protagonista sob a ótica de um humor sarcástico e irônico.

Ao completar 35 anos de carreira, dois documentaristas estrangeiros decidem registrar a carreira de Edson, o que leva o dramaturgo a questionar sobre a fama e ir em busca da sua própria autenticidade.

O filme recebeu uma menção honrosa na Mostra Autora da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

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