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No clima do Oscar 2025, confira filmes das periferias para ficar de olho

Por: Isabela Alves e Egberto Santana

O Brasil está no Oscar 2025. No dia 2 de março, “Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles, está indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.

Aproveitando esse momento, o time de cinéfilos da Mural traz uma lista com 10 títulos de filmes periféricos que também estão sendo aclamados em festivais internacionais e nacionais, mesmo com muito menos divulgação.

Afinal, o circuito de distribuição e exibição dos filmes é muito maior do que o Oscar e, por questões políticas, de financiamento e divulgação, mesmo com muitas obras brasileiras sendo aclamadas, não chegam até o público.

Para ir contra esse cenário, que tal aproveitar e conhecer filmes produzidos por artistas periféricos e que contam as nossas histórias? Se liga nessa lista.

Faustina – Música Para Viver

O primeiro filme da cineasta estreante Vitória da Silva Teixeira conta a história da mãe dela, Edna Faustina. Aos 65 anos, a matriarca revive o sonho de estudar música. O sonho, que desperta suas raízes e motivação para viver, estava adormecido pelas dificuldades da vivência nas periferias.

O filme está disponível gratuitamente na Google Play e no Canal Futura

Com Você, Eu Vou

O musical gravado em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, traz a história de amor de Bruno e Rafael que se conheceram em um karaokê com tema dos anos 2000. Após um desencontro, os jovens não medem esforços para se encontrar e desenrolar uma possível história de amor.

Dirigido por Ellie Sasi e Arthur Jesus, o curta está disponível no canal do Coletivo Quilombarte

Candeias – Um Ser do Seu Tempo

Dirigido por Well Darwin, natural de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o filme conta a história de Ozualdo Candeias, um dos pioneiros do cinema marginal, movimento dos anos 1960 e 1970.

A complexidade do diretor é revisitada num processo de colagens imagéticas e sonoras, pautada por uma entrevista concedida em 1997.

O filme foi selecionado na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, considerado o maior festival de filmes independente do Brasil.

Mutirão

Criado pelo Corre Coletivo, o curta-metragem “Mutirão” mostra o relacionamento de crianças e adolescentes com o futebol na Vila Arco Íris, no Grajaú, periferia do extremo sul de São Paulo.

O filme mostra como o esporte une a comunidade e fomenta o sonho de mudar de realidade jogando bola. Confira o trailer:

Anba dlo

Rosa Caldeira, cineasta e artista trans da Maloka Filmes, teve o curta “Anba dlo” selecionado no Festival Internacional de Cinema de Berlim, um dos mais prestigiados de cinema do mundo.

Dirigido em parceria com Luiza Calagian, o filme conta a história de Nadia, bióloga haitiana que vive em Cuba pesquisando a fauna e os animais locais. Um dia, ela recebe uma visita das águas profundas e a floresta cubana começa a falar em outras línguas.

A obra com coprodução do Brasil, Cuba e Haiti teve exibição na Mubi

Quase Trap

Depois de circular com “Fluxo – O Filme” por diversos festivais internacionais e nacionais, e mais recentemente na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Filipe Barbosa, de Cidade Tiradentes, apresentou seu segundo filme na seção Mercado do Festival Internacional do Curta-Metragem de Clermont-Ferrand, o maior festival desse gênero de filme.

A trama “Quase Trap” acompanha a jornada de Tiunai, um jovem negro de 16 anos que enfrenta questões de insegurança e masculinidade em um ambiente que faz ele se provar “como homem” em meio a sonhos de grandeza.

O filme conta com a participação especial dos rappers “Klyn” e “Shaodree” e o ator Maurício Sasí, de Escola de Quebrada, na pele do protagonista. O curta segue em fase de distribuição e lançamento em festivais e mostras de cinema.

Reprodução do filme Quase Trap @Léo Eloy/ Divulgação

Meu Amigo Pedro Mixtape

Lincoln Péricles, do Capão Redondo, revisita memórias registradas desde as primeiras câmeras e microfones das quais o diretor teve acesso para construir um filme no formato de uma mixtape de rap.

O curta-metragem teve estreia internacional na mostra competitiva do Doclisboa e ganhou prêmio de “Melhor Curta Latino-americano” no FicValdívia e segue em circulação por diversos festivais.

Esta Noite Minha Alma Partirá

Novo filme de terror e suspense de Igor Vasco, cria de Francisco Morato, na Grande São Paulo, “Esta Noite Minha Alma Partirá” retrata o último dia de trabalho como empregada doméstica da jovem Kumani, que presencia situações estranhas na casa de seus patrões. Ela não sabe que sua vida pode estar em risco. Vasco é o mesmo diretor de Goma (2020),

O filme está em fase de distribuição em mostras, festivais e cineclubes.

VBP (Vacas Brancas Preguiçosas)

Dirigido por Asaph Agatha Lucas, natural de Artur Alvim, na zona leste de São Paulo, “Vacas Brancas Preguiçosas” nasce de experiências vividas na pandemia de Covid-19, como forma de “exorcizar muitas dores e revoltas acumuladas nesse período, com humor, deboche e linguagem pop”, comenta a diretora.

No curta, filmado em Itaquera, após chamar uma colega de classe de “vaca branca preguiçosa”, uma jovem estudante negra entra em uma saga virtual para se livrar de um cancelamento.

Filme trata com humor de temas como o cancelamento @Reprodução

O filme foi produzido pelo coletivo LGBT+ Gleba do Pêssego, fundado por Agatha e composto por profissionais de diferentes quebradas de São Paulo. A obra está em fase de distribuição em mostras, festivais e cineclubes e teve sua estreia na 28° Mostra de Cinema de Tiradentes.

Frame do filme VBP (Vacas Brancas Preguiçosas) Reprodução: Asaph Agatha Lucas

Rolês

Mergulhando no universo de dois jovens periféricos da zona sul, um Dj e um pixador, o documentário “Rolês” busca entender o que motiva a participação nessas expressões urbanas, entrelaçando os relatos das vivências e desafios com imagens dos territórios.

Gravações do filme Rolês @Madson Pamponet/ Divulgação

O curta-metragem é dirigido coletivamente por Madson Pamponet, Matheus Alcântara, Fernanda Lima, Nathalia Cristina, Wesley Felipe e Valentina Pontes, de diferentes quebradas de São Paulo, de Paraisópolis ao Capão Redondo.

Atualmente, o curta está em fase de distribuição para mostras, festivais periféricos e cineclubes e teve sua estreia no festival Vozes da Quebrada, no Grajaú.

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