Ainda não há motivos para celebrar a diversidade nas eleições municipais de São Paulo. Apesar do aumento da presença feminina no legislativo após a votação, o cenário de raça, gênero e periferias pouco mudou entre 2020 e 2024 ao olhar para os vereadores eleitos após a votação realizada no domingo 6 de outubro.
Dos 55 vereadores eleitos em São Paulo, 20 são mulheres, uma alta de 53% se comparado com 2020, quando apenas 13 venceram a eleição. No entanto, as 20 cadeiras da Câmara ocupam 36% das 55, abaixo de mais de 50% da população brasileira, conforme o IBGE.
Dentre as mulheres, apenas 5 se declaram negras: Luana Alves (PSOL) que está no ranking dos 10, Amanda Paschoal (Psol), Pastora Sandra Alves (União), Keit Lima (Psol) e Sonaira Fernandes (PL).
Quando às candidaturas LGBTQIA+, Thammy Miranda (PSD), homem trans, se reelegeu enquanto Amanda Paschoal (PSOL) mulher travesti se elegeu pela primeira vez.
No total foram 35 vereadores reeleitos, entre elas apenas duas mulheres periféricas: Luana Alves e Silvia da Bancada Feminista. Integra a lista de vereadores das quebradas, Amanda Paschoal e Keit Lima. Contudo o mandato coletivo Quilombo Periférico não se reelegeu.
Apesar do eleitorado mais jovem, até 24 anos, estar concentrado nas periferias, nenhum representante deste público foi eleito na cidade.
Partidos vencedores
Partidos mais progressistas repetiram o feito de 2020, com o PT com 8 e PSOL com 6. Partido com mais legisladores há quatro anos, o PSDB não elegeu nenhum candidato nesta eleição. Contudo, partidos conservadores e de centro conseguiram eleger maior quantidade de parlamentares no geral, com acréscimo para PL (+5), MDB (+4), Podemos (+3), PP (+3).
Mais do que perder ou ganhar cadeiras é importante olhar para a representação dos vereadores eleitos, explica Beatriz Lourenço, diretora de incidência política e litigância estratégica do Instituto de Referência Negra Peregum.
Ela exemplifica com a perda do PT de candidatos que fazem parte da família Tatto, caso de Arselino Tatto que não se reelegeu. Em contrapartida, a família Leite conseguiu emplacar aliados, caso de Silvão.
Essa dificuldade em eleger pessoas negras com agenda política importantes para a luta de demandas da população periférica impacta na construção de uma agenda popular de baixo para cima, afirma ela.
“A população periférica e a juventude perde quando a gente não amplia esse público que vai brigar por estas pautas mais progressistas, a capacidade de fazer suas pautas serem discutidas na Câmara em primeira pessoa”, reforça.
No entanto, Beatriz chama atenção que o PSOL conseguiu manter a lógica de distribuição racial, periférica e LGBTQIAPN+, apesar da “substituição” de vereadores, sobretudo com a reeleição de Luana Alves ficando entre os primeiros da lista em uma bancada majoritariamente branca.“A primeira mulher negra da história de São Paulo a ser reeleita."