Moradores do Jardim Pantanal, na zona leste de São Paulo, têm convivido com as ruas esburacadas desde que a Sabesp iniciou as obras do Programa Água Legal, que promete levar água potável e coleta de esgoto aos 56 mil moradores da região.
A população do bairro reclama que as ruas não têm sido niveladas corretamente depois de receberem as tubulações do projeto, o que provocou buracos em vários trechos do local. O problema tem prejudicado o trânsito de pedestres e carros nas ruas.
“Já tem uns quatro ou cinco dias que eu tô com dificuldade de sair de casa”, conta a costureira Michelle Rodrigues, 41, que vive na rua Tietê.
Ela conta que o solo tem ficado encharcado, e que grandes poças de água e lama são formadas nos buracos deixados pela obra, já que as ruas do bairro são de terra.
O endereço costuma ser afetado pelas enchentes na época de chuva, mas, mesmo em dias secos, é difícil transitar pelo local. A suspeita da costureira é de que as mangueiras e tubulações estejam vazando abaixo do solo. “A gente vai pisar e afunda”, afirma.
A lama constante no local recentemente fez com que a dona de casa Jucelene Marques da Silva, 35, deixasse de levar um dos filhos para a escola.
Ela estava saindo com as crianças quando um ônibus passou em cima de um dos buracos e jogou lama neles. Quatro dos cinco filhos conseguiram escapar do “banho”, exceto o mais novo, que se sujou e precisou voltar para casa.
“Eu não vou culpar o motorista. É por causa da rua, é sem condições mesmo.”
Juscelene afirma que alguns moradores marcaram uma reunião nesta quarta-feira (07) para discutir o problema com um representante da Sabesp.
“Todo mundo quer uma melhoria [no saneamento], mas se você começa alguma coisa tem que terminar. Quem sofre somos nós”
Jucelene Marques da Silva, moradora do Jardim Pantanal
A Agência Mural visitou o bairro no começo de maio, quando São Paulo estava há dias sem chuva. Mesmo assim, a reportagem encontrou vários pontos de alagamentos em locais onde a obra da Sabesp tinha passado.
À época, a comerciante Maria do Bonfim, 78, moradora da rua Tietê, afirmou que, além de dificultar o trânsito, as enchentes geravam também problemas de saúde. Segundo ela, é comum que moradores fiquem doentes após entrar em contato com a água suja. “Eu mesma estava com uma tosse que não parava”, relata.
Em nota, a Sabesp afirmou que a rua Serra do Apodi está com pavimentação provisória por causa das obras para instalação das redes de água e esgoto. “Após a conclusão das obras, será realizada a recomposição da pavimentação definitiva”, afirma a companhia.
Sobre a rua Tietê, a Sabesp nega que a lama seja provocada pela obra e atribui o problema às chuvas. A companhia diz que as intervenções no Jardim Pantanal devem ser concluídas em setembro deste ano.
Esta reportagem foi produzida com apoio da Report For The World