Ícone do site Agência Mural

Para Luiza, mantra budista ajuda a família na Vila Clara

Agência Mural ouviu sete crianças de diferentes religiões

Por: Jacqueline Maria da Silva e Jariza Rugiano

Luiza de Souza Parra, 8, aprende virtualmente, em casa, no bairro da Vila Clara, zona sul de São Paulo, sobre o budismo de Nichiren Daishonin, vertente religiosa fundada em 1960 no Brasil. Antes da pandemia, a criança frequentava as aulas em um templo no bairro da Liberdade, no centro da capital.

Além das aulas, ela se reúne todas as noites com a família para orar em frente ao altar que fica na sala, réplica do que existe no templo. A prática é feita com o juzu nas mãos, uma espécie de terço usado para trazer foco. O de Luiza é rosa e foi um presente de um amigo da família que trouxe do Japão.

A mãe, Marilza Parra, 44, explica que as bolinhas presentes no instrumento simulam a quantidade de ossos do corpo humano.

Luisa e o altar budista @Jacqueline Maria da Silva/Agência Mural

Luiza repete a oração budista em sânscrito lida pelos pais no pergaminho chamado Gohonzon. Em seguida eles entoam o mantra Nam-Myoho-Rengue-Kyo, que ela já decorou, mas não sabe o significado das palavras.

Mantra é uma palavra ou expressão pronunciada repetidamente. Para ela, a frase é usada para abençoar e dar alegria, sentimentos que manifesta quando realiza a prática. “O mantra ajuda a minha família. Costumo pedir para que a gente fique melhor e também já pedi uma boneca pra mim. Quando eu oro eu sinto que a tristeza vai embora”, descreve.

BUDISMO

1

Com origem na Índia, o budismo é uma religião sem adoração de Deuses. Foi fundada por Buda, Siddharta Gautama (563-483 a.C.), e é definida por aceitar o sofrimento como uma parte fundamental da existência humana, que vem do apego aos desejos. A doutrina entende que a superação desses apegos garante uma condição de felicidade plena, conhecida como o nirvana.

Luiza evita tratar da religião com os colegas da escola. “Eu rezo por eles [colegas], mas eles não precisam saber que sou budista ”, acrescenta Luiza.

Em casa, ela tem dois livros sobre a religião. Um deles é o “Daigo”, que usa para pintar, e o outro é “Menino da Cerejeira”. Ela diz gostar de lê-lo porque ele traz um ensinamento sobre a família.

A história mostra um menino que sai de casa para procurar a mãe e se perde. Ao encontrar um idoso que cuida de uma cerejeira, ele o ajuda a manter a árvore, símbolo de coragem, enquanto ouve os ensinamentos do ancião.

O tempo passa e a cerejeira sobrevive, e a mãe encontra a criança. Para Luiza, ambos aprenderam um com o outro.

REPORTAGEM ESPECIAL

Luiza é uma das entrevistadas da série especial Religião na Infância, sobre como crianças lidam com a religião e o cenário de intolerância. Confira todas as histórias

Sair da versão mobile