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Para paulistanos, Câmara Municipal é a instituição menos confiável da cidade

Segundo pesquisa da Rede Nossa SP e Ibope, apenas 22% dos moradores de São Paulo confiam do trabalho feito pelos vereadores

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Por: Redação

Publicado em 10.02.2021 | 14:14 | Alterado em 10.02.2021 | 14:14

Tempo de leitura: 4 min(s)
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A aposentada Marilene de Moraes critica a omissão dos vereadores em relação às demandas da população (Matheus de Souza/32xSP)

A aprovação de leis e discussões do orçamento da cidade são exemplos de funções da Câmara Municipal. Este trabalho, feito pelos vereadores, chega a vida de todos os paulistanos, mas, para a maioria dos moradores de São Paulo, é motivo de desconfiança.

A edição de 2021 da pesquisa “Viver em São Paulo: Qualidade de Vida”, publicada no último mês de janeiro pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, mostra que os paulistanos estão insatisfeitos com o trabalho realizado na Câmara.

Dos 800 entrevistados, apenas 22% confiam no ‘parlamento paulista’, sendo o índice de confiança mais baixo entre as instituições apontadas no levantamento. Em comparação com pesquisas de anos anteriores, a confiança na Câmara Municipal permanece na casa dos 20%. Em 2020, o índice foi de 22%; e em 2019, 21%.

O levantamento, feito entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, ouviu pessoas acima de 16 anos de todas as regiões da cidade. Outras instituições com avaliações negativas são o Tribunal de Contas do Município (com 29% de confiança) e a Prefeitura de São Paulo (com 31%).

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Já o índice de aprovação do trabalho dos vereadores é de 9% (ótima/boa). A avaliação “regular” fica em 33% e, para 52% dos entrevistados, é “ruim ou péssima”. Destes que avaliam negativamente a Câmara Municipal, a maior parte (59%) possui ensino superior e renda familiar acima de cinco salários mínimos.

MOTIVOS DE DESCONTENTAMENTO

Decisões como a retirada da gratuidade nos ônibus para pessoas entre 60 e 64 anos e o aumento de 46% no salário do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), são exemplos de decisões da Câmara Municipal que abalam a confiança da aposentada Marilene de Moraes Almeida, 60.

“O aumento do salário do prefeito foi discutido na Câmara antes. Como pode os nossos representantes aumentarem o salário, que já era alto, e cortar o benefício do idoso?” questiona.

Frequentadora do Parque Ceret (Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador), no distrito de Vila Formosa, na zona leste, Marilene diz que os vereadores devem apresentar projetos que beneficiem as pessoas, e não o contrário. “Caso alguém apresente algo que nos prejudique, os outros vereadores não devem aprovar”. 

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Claudinei não confia nos vereadores por enxergar neles uma maior vontade em garantir votos do que ajudar as pessoas (Matheus de Souza/32xSP)

O comerciante Claudinei Costa, 55, já recebeu visitas de vereadores em seu mercadinho em busca de apoio, mas a corrupção o impede de confiar nos vereadores e na Câmara Municipal. “Não confio porque eles só roubam. Estão mais interessados em fazer política do que ajudar os outros”.

Morador do Tatuapé, também na zona leste da cidade, Claudinei afirma que a preocupação em se manter nos cargos impede os vereadores de trabalharem pela população.

“Eles não podem só fazer política, eles têm que olhar para baixo também e não sinto que algum político olhe para a gente. Eles devem estar com a população, e não aparecer só para pedir voto”, explica.

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Ainda segundo a pesquisa “Viver em São Paulo”, para os paulistanos, “conhecer bem os problemas da região onde eu moro” é a principal característica que um vereador deve ter.

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Priscila indica que os vereadores devem aplicar pesquisas para entender as necessidades dos moradores e se aproximarem da comunidade (Matheus de Souza/32xSP)

Também moradora do Tatuapé, Priscila Rossetto, 31, crê que a população precisa se sentir melhor representada pelos vereadores e indica os caminhos. “Os vereadores poderiam fazer pesquisas para entender o que a população precisa e o porquê a gente precisa. Assim, quem sabe, poderíamos confiar mais neles”.

Na pesquisa “A Cidade que Queremos”, publicada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope em dezembro do ano passado, os moradores da capital indicaram a melhoria da educação, segurança e saúde como os maiores desafios para os próximos quatro anos.

Priscila não acompanha o trabalho da Câmara. “Meu candidato não foi eleito, então acabo sabendo das decisões mais pelas notícias e as coisas absurdas que saem na internet”, afirma.

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Já o aposentado Antônio Cavalcante, 68, diz que usa apenas o rádio e a televisão para saber como está o trabalho do vereador em quem votou no último dia 15 de novembro. Por não ter redes sociais, Antônio indica que os parlamentares devem mostrar suas ações em prol dos moradores.

“Os vereadores precisam mostrar serviço, prestar contas do que estão fazendo por nós. Assim veremos que eles estão pensando em nós e sendo menos individualistas. Porque pensar nos outros são poucos ali [na Câmara] que pensam”.

Umas das ações mais comuns entre os vereadores para ouvir demandas da população e apresentar propostas é organizar caminhadas nos bairros. Alguns políticos com redutos eleitorais definidos mantêm escritórios onde assessores recebem pessoas com questões a serem resolvidas. Além de que os gabinetes dos vereadores são abertos aos cidadãos.

Outra forma de acompanhar o trabalho dos vereadores, ao mesmo tempo respeitar o distanciamento social importante para o controle do novo coronavírus, é a TV Câmara (canal 8.3 no sinal aberto digital). A emissora transmite as sessões do plenário municipal, comissões e programas noticiosos e de entretenimento.

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