“Nunca vi ninguém limpando nada lá, nem varrendo, nem nada. Inclusive, está muito sujo, muito lixo”, comenta a comerciante Maria da Glória Viana, 61, a respeito da manutenção do Parque Linear Cantinho do Céu, localizado no distrito do Grajaú, zona sul, às margens da represa Billings. Maria da Glória mora na região há 25 anos e frequenta o parque desde a inauguração, em 2009. Ela faz caminhada diariamente e tem observado o quanto o lugar está sujo.
Durante alguns meses deste ano, era possível encontrar pelo parque avisos do conselho gestor que diziam que por falta de repasse de verbas, o local estava sem equipe de limpeza por tempo indeterminado. No fim de outubro, os informativos sobre o corte financeiro não foram encontrados, restaram apenas os que diziam que era proibido jogar lixo ali. Além do sumiço dos cartazes, o 32xSP observou que algumas lixeiras foram adaptadas usando sacola de supermercado.
A SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente) informou por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação (LEI 12.527/2011) que “os cortes na verba para manejo e conservação ocorreram no final do último mês de abril. Todos os contratos dos 102 parques sob responsabilidade da Divisão Técnica de Gestão dos Parques, do Departamento de Parques e Áreas Verdes, da SVMA, sofreram redução entre 19% e 24%. No caso do Parque Linear Cantinho do Céu o reajuste foi de 20,47%.”
A SVMA ainda informou que os contratos orçamentários são feitos por lotes que englobam de 5 a 7 parques. O valor do contrato do Grupo Cantinho do Céu, após a redução, ficou em R$ 3.992.821,65 e engloba cinco parques: Herculano, Jardim Prainha, M’Boi Mirim, Cantinho do Céu e Sete Campos, todos na zona sul. O custo médio estimado por mês é de R$ 66.576,00 por parque. A despesa de manejo e conservação dos parques faz parte do orçamento anual da SVMA.
A pesquisa IRBEM 2016 (Indicadores de Bem Estar no Município), realizada pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope, aponta que a nota da satisfação dos moradores de São Paulo em relação a revitalização e conservação de parques, praças e várzeas foi 4,2 em 2015, a menor avaliação das últimas pesquisas. Em 2014, 2013 e 2009, as notas foram, respectivamente 4,5, 4,7 e 4,8. No quesito limpeza pública e de terrenos baldios, a nota de 2015 foi 3,8. Em 2014, 2013 e 2009, as notas foram 4,3, 4,5 e 4,3.
Outra reclamação dos usuários do parque é a respeito da segurança. Há guardas, no entanto, eles costumam ficar na cabine. “Falta uma ronda para que as pessoas possam usufruir melhor, se sentirem seguras e para que as crianças possam brincar lá”, diz Maria da Glória.
Fotos: Priscila Pacheco