Nascido na Vila Guacuri, distrito da Pedreira, na zona sul de São Paulo, Pequeno Bo é daqueles artistas que gostam de misturar ritmos e fazer novas experiências no mundo da música. Se dividindo entre o trabalho em uma loja de tênis e buscar o sonho da carreira, ele lançou recentemente “Vivendo Voltas”, nona música do músico e que teve o apoio de artistas e estúdios periféricos.
O hit é uma mistura de batidas do trap com uma letra romântica, que trata de uma relação, término, erros e acertos. Nele, a voz grave de Bo se mistura com a suavidade da voz da cantora e compositora Sabrina Lopes.
“Para quem veio de onde a gente veio nada é fácil. Nunca foi e nunca será. Mas com amigos e fé a gente vai construindo as nossas paradas”, fala Bo.
Após colocar na rua mais de nove faixas de forma independente e sem apoio financeiro, o artista está mirando em parcerias com estúdios periféricos e feats com artistas que se identificam com o trampo dele.
“A Sabrina é uma das minhas referências na música. Crescemos na mesma quebrada e, mesmo com a distância e os corres diários, nunca nos distanciamos”, diz Bo.
A cantora diz que já esteve no lugar em que não fazia ideia do que fazer para conseguir mostrar o trabalho. “No início da minha carreira eu quase desisti. É muito complicado fazer as coisas de forma independente, sem patrocínio e sem parceria”, conta a artista.
“Graças a esse “quase” estamos aqui. Existem muitos artistas com um potencial enorme que estão escondidos na periferia, seja por falta de informação, visibilidade ou de grana”, completa.
Além do apoio de Sabrina, Bo também contou com a parceria de produtores periféricos, como Vinícius do Studio Viana Viana e Heitor Reis do “Estúdio Morfeu”. Juntos, os produtores custearam todos os gastos do clipe e a produção da faixa musical.
Do Nordeste a Bolívia
Para Bo, a criatividade, além de estar presente na origem periférica, é algo ancestral. O avô materno dele, um homem negro e nordestino, migrou para São Paulo na década de 1960 em um “pau de arara” (caminhão que servia de meio de transporte improvisado e foi usado por muitos migrantes nordestinos para chegar a São Paulo).
Na capital, ele passou dificuldades, e chegou até a morar na rua, até conseguir o trabalho de baterista em um circo. “Admiro muito a história de vida do meu avô. Sem sombras de dúvidas ele é uma das minhas maiores referências”, relata. A partir da bateria dele que Bo se interessou pela música.
O nome Bo faz referência a um apelido de infância, Bolívia. O artista morou por aproximadamente dois anos em uma base missionária em Santa Cruz de La Sierra, no país da América do Sul. Quando voltou para a sua quebrada no Brasil, os amigos o apelidaram de “Pequeno Bolíva”.
“Minha mãe é missionária, e quando eu tinha uns 11 anos me falou: vamos passar uma temporada na Bolívia. Já arrumei moradia pra gente e uma escola para você estudar”, lembra.
Sem saber nada do idioma, o artista que estava acostumado a “meter o louco” no Brasil, foi desenrolando no espanhol e se comunicando por meio das músicas e melodias.
Além de ritmos latinos, o artista também pretende criar parcerias nacionais e internacionais com artistas de diferentes estilos nas próximas faixas.
“Estou com vários projetos musicais na cabeça. Um deles é misturar ritmos latinos nas letras de minhas músicas”, explica.