Ter um espaço virtual para unir moradores, trocar ideias e debater coletivamente aspectos da crise sanitária e social atravessada pelo país durante o período de isolamento social. Esses são alguns objetivos do Grupo Periferia Reflexiva, formado por pessoas que residem ou têm ligação com a região de Cidade Ademar e Pedreira, na zona sul de São Paulo.
Criado em abril deste ano, o grupo se reúne todas as semanas para analisar os fatos e acontecimentos, além de estimular a participação social e a melhora da região.
Em parceria com a página ‘Foco no Jardim Miriam’, no Facebook, com mais de 183 mil seguidores, o coletivo produz o ‘Roda Viva da Periferia’, série de lives de conversas que abordam temas importantes para os moradores da região, como o racismo estrutural, a violência doméstica e a volta às aulas na pandemia.
“Desde o início, a proposta era encontrar novas formas de comunicação com os moradores da região, tendo em vista a impossibilidade de realizar encontros, reuniões e eventos presenciais”, conta a advogada Mayara Torres, 25, uma das organizadoras.
Moradora do distrito de Pedreira, ela também atua como conselheira participativa da região. Conta que as lives buscam com informação e debates com uma “linguagem simples e informal, a fim de estimular a reflexão e a visão crítica dos moradores”.
Parte do coletivo é formado por militantes sociais que já atuavam juntos em outras organizações da região, como Movimento Popular de Saúde e Movimento de Moradia. O convite para o primeiro encontro foi enviado por Osvaldir Freitas, Eliana Queiroz e Airton Goes.
Somando mais de 25 mil visualizações, o Roda Viva da Periferia já realizou cinco lives, que contam também com cerca de 200 comentários e participações a cada encontro.
A escolha dos temas e convidados é feita durante as reuniões virtuais do grupo. Todos podem levar ideias e opinar sobre a melhor forma de debater algum assunto. O tema da última live ‘Baile funk x Direito ao Sossego: Como resolver?’ foi escolhida pelo próprio público, por meio de uma pergunta realizada nas redes sociais.
De acordo com o jornalista Airton Goes, a pandemia afetou a rotina das periferias principalmente no começo, com muitas lojas e o comércio local fechado. Com o passar do tempo, a falta de políticas públicas efetivas e a necessidade de trabalhar, os riscos de contaminação pelo coronavírus foram sendo normalizados.
“Quase tudo foi voltando ao normal. Até os bailes funks voltaram. O Shopping Interlagos, o mais próximo da região, voltou a ficar lotado aos fins de semana. Nesses locais, em geral, as pessoas usam máscaras, mas o distanciamento social já não é tão respeitado”, comenta.
O grupo Periferias Reflexiva espera continuar os encontros no próximo ano e fazer mais ações do ‘Roda Viva da Periferia’. As informações podem ser acompanhadas na página ‘Foco no Jardim Miriam’, que promove os encontros.