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Periferias no centro da crise climática: quem sofre e quem resiste

Por: Léu Britto e Sarah Fernandes

Nas periferias da Grande São Paulo, milhares de famílias enfrentam diariamente o risco de enchentes, deslizamentos e crises ambientais decorrentes do aquecimento global e do crescimento urbano desordenado. Do fundão da zona sul ao limite da zona norte, do extremo da zona leste ao final da zona oeste, moradores das quebradas tentam resistir aos eventos climáticos extremos, cada vez mais comuns, enquanto aguardam políticas públicas construídas com eles e para eles.

Por isso, a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que teve início hoje (10), em Belém, precisa dar luz ao protagonismo das periferias nas discussões climáticas. Essas comunidades são as que menos contribuíram para a crise ambiental, mas são as que mais sofrem seus impactos, desde enchentes até ondas de calor extremo, de queimadas a deslizamentos, entrando em rota direta com a vulnerabilidade social e urbana.

Em meio a esse cenário, movimentos e coletivos periféricos se organizam para levar à COP30 suas demandas por justiça climática e políticas públicas que atendam às suas realidades. Exigem que a pauta das periferias deixe de ser complementar e passe a ser prioridade, pois a adaptação das áreas mais vulneráveis é um imperativo para frear a desigualdade ambiental. Mas para isso: é preciso garantir orçamento público, cooperação técnica e vontade política que façam da mitigação e adaptação climática mais do que palavras, mas ações concretas, capazes de trazer segurança e qualidade de vida para as quebradas.

É urgente pautar uma agenda que reconheça as vulnerabilidades específicas de quem vive nas margens das cidades e ao mesmo tempo cobrar a responsabilidade de governos e grandes empresas na reversão do ciclo histórico de degradação e exclusão. Basta de ser o epicentro da crise climática. Queremos – e precisamos – ser parte da solução.

Quem vive perto de córregos, convive com riscos constantes de alagamentos e doenças. No Parque Independência, no Capão Redondo, zona sul de SP, a situação é reflexo da falta de infraestrutura urbana @Léu Britto/ Agência Mural

Ruas alagadas na Favela do Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo, em maio de 2023. Enchentes históricas deixam famílias em vulnerabilidade, mostrando a urgência de políticas de drenagem e saneamento @Léu Britto/ Agência Mural

Favela do Colombo, na Vila Sônia, zona sul de SP. Na crise climática, desigualdade social significa também que os mais pobres estão mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, de ondas de calor a enchentes @Léu Britto/ Agência Mural

Casal Gisele e Marcelo na Ocupação Terra Prometida, no Jardim Vera Cruz, zona sul de SP. Moradia digna precisa ser entendida como parte das ações de mitigação da crise climática @Léu Britto/ Agência Mural

Jahzara On, ativista socioambiental da Favela do Jesus Cristo Unidos, no Jardim São Carlos, zona leste de SP. Ela estará na COP30 reivindicando orçamento público para adaptação climática das quebradas @Léu Britto/ Agência Mural

Ocupação Nós na Luta, na divisa entre Cidade Tiradentes e Guaianazes, na zona leste de SP. Ondas de calor intensas, cada vez mais comuns, afetam diretamente a saúde dos moradores das periferias, em especial das crianças @Léu Britto/ Agência Mural

Ocupação Leonardi, em Cidade Tiradentes, zona leste de SP. Riscos de deslizamentos aumentam com a ocupação em áreas vulneráveis sem intervenções públicas estruturais @Léu Britto/ Agência Mural

Córrego São João, no Jardim São Carlos, em Itapevi, Grande São Paulo. O adensamento urbano nas margens de córregos eleva as chances de enchentes e deteriora a qualidade de vida dos moradores @Léu Britto/ Agência Mural

Casa da Thais Lene Souza após enchente do Córrego São João, em Itapevi, na Grande São Paulo. Moradia à beira de córregos expõe famílias a enchentes frequentes, resultado da negligência institucional com a periferia @Léu Britto/ Agência Mural

Sete Praias, em Diadema, na Grande São Paulo. Poluição urbana é mais sentida nas quebradas, evidenciando a injustiça ambiental e falta de estrutura urbana @Léu Britto/ Agência Mural

Itaim Paulista, na zona leste de SP. Os córregos poluídos refletem o abandono das periferias, comprometendo ecossistemas e qualidade de vida @Léu Britto/ Agência Mural

Entulhos abaixo da EMEF Dr. Helio Tavares, no Itaim Paulista, zona leste de SP. A falta de coleta adequada de lixo agrava a crise ambiental nas periferias @Léu Britto/ Agência Mural

Itaim Paulista, na zona leste de SP. Ausência de áreas verdes impacta no bem-estar e na saúde dos moradores das quebradas @Léu Britto/ Agência Mural

Parque Independência no Capão Redondo, zona sul de SP. Moradores enfrentam diariamente as dificuldades impostas pela proximidade de córregos e a falta de infraestrutura adequada para prevenção de enchentes @Léu Britto/ Agência Mural

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