A placa localizada em frente ao terreno do futuro Hospital Municipal de Parelheiros, com informações sobre o projeto, indica a previsão de término para 29 de julho deste ano. Passados quase dois meses, a obra não está pronta e, de acordo com a última atualização do site Planeja Sampa, 77,5% está concluída e não há data prevista para a entrega do equipamento. Inconformados, os moradores querem explicações da prefeitura sobre os constantes adiamentos.
Há 20 anos, a população reivindica a construção de um hospital na região e mostrara-se preocupados diante de mais um adiamento da conclusão da obra. Movimentos locais e independentes e uma página no Facebook foram criados para acompanhar o andamento do projeto. Neles, os moradores fazem críticas à falta de comunicação da prefeitura com a população e de informações concretas sobre a data da entrega do hospital, o modelo de gestão e o início das contratações de funcionários.
“A população encontra-se ansiosa para a inauguração e para receber informações sobre vagas de trabalho, pois, sendo próximo de casa, facilita a rotina e qualidade de vida daquelas pessoas”, comenta Marivaldo Lopes, 26, agente técnico administrativo.
Além da reivindicação por empregos na região, a expectativa dos moradores é que sejam supridas as demandas em atendimento hospitalar que perduram por anos. “[O acesso à saúde] lá é péssimo. A UBS que tem em Parelheiros raramente tem médico. Quando tem, é um médico pra atender todo mundo. Um hospital faz muita falta. Até porque não é só Parelheiros, tem outros distritos próximos como Marsilac e Pedreira”, conta Sandra Sena, 43, comerciante. “Tento utilizar [a UBS], mas nunca tem especialista em nada, só clínico”, lamenta.
O hospital, que constava no plano de metas do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), tinha como previsão de entrega junho de 2014. Já na gestão de Fernando Haddad (PT), a meta era construí-lo até o ano de 2015, e sofreu vários adiamentos até então. O equipamento visa incluir 255 novos leitos no atendimento público e serão contempladas diversas especialidades.
A zona sul de São Paulo é a região da cidade que tem a menor oferta de leitos públicos, em especial os distritos de Marsilac e Parelheiros, situados na subprefeitura de Parelheiros. Segundo os indicadores do Observatório Cidadão, o número de habitantes do distrito de Parelheiros subiu de 124.069 habitantes, em 2005, para 145.342 habitantes, em 10 anos. Contudo, possui uma Unidade Básica de Saúde/ Assistência Médica Ambulatorial e nenhum leito hospitalar. O hospital municipal mais próximo fica no Jardim Ângela, na subprefeitura de M’Boi Mirim, que possui uma das piores médias de leitos para cada mil habitantes: 0,705.
A Agenda 2030, que tem o objetivo de acabar com a pobreza e promover universalmente a prosperidade econômica, o desenvolvimento social e a proteção ambiental até a terceira década do século 21, tem a meta de garantir 2,5 a 3 leitos hospitalares para cada mil habitantes.
O 32xSP entrou em contato com os órgãos públicos responsáveis para conseguir mais informações. A Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras) respondeu que mais de 65% das obras do Hospital Parelheiros – que incluem melhoria de malha viária, contemplando as ruas Euzébio Coghi e Cacoal, para acesso ao hospital – estão concluídas, em fase de alvenaria, com entrega prevista para este semestre. Não foram informados os motivos do atraso da entrega.
Já a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que publicará no Diário Oficial o chamamento para a contratação da Organização Social de Saúde (OSS) que fará a gestão do hospital em parceria com a Prefeitura. A partir da publicação, os interessados terão 30 dias para apresentarem as propostas, que serão avaliadas pelos técnicos da Secretaria.
O Hospital Municipal de Parelheiros está sendo construído entre as ruas Euzébio Coghi e Cacoal, próximo ao CEU Parelheiros e está incluso no programa de metas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Segundo o site De Olho nas Metas, a obra integra a meta 22: “obter terrenos, projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir 3 novos hospitais, ampliando em 750 o número de leitos do sistema municipal de saúde”, que já foi concluída em 75,8%. O peso do projeto em relação a esta meta é de 2,33%.