Distrito que concentra a favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, a Vila Andrade ganhou 41 mil moradores em 12 anos – uma média de nove habitantes novos por dia. A Brasilândia viveu quase que o oposto. Por dia, cinco pessoas deixaram o distrito da zona norte da capital e que é o segundo com mais favelas no município.
As duas regiões exemplificam a mobilidade dos habitantes da cidade em 12 anos, de acordo com o Censo 2022 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na quinta-feira (21), a entidade publicou pela primeira vez os dados sobre os distritos das cidades – antes havia apenas informado o valor total de cada município.
No caso de São Paulo, o Censo já havia indicado que a cidade havia ganhado menos moradores do que havia sido estimado nos anos anteriores, num crescimento de 1,8%, chegando a 11,4 milhões. As novas informações mostram como esse acréscimo foi concentrado em áreas da cidade.
Dos 198 mil novos habitantes, 149 mil são da zona sul e outros 70 mil são da parte oeste da cidade, enquanto as regiões norte e leste registraram queda no número de moradores.
A cidade de São Paulo é dividida em 96 distritos, que são administrados por 32 subprefeituras.
Proporcionalmente, a Subprefeitura de Parelheiros, no extremo sul paulistano, foi a que mais cresceu – 18%. É por lá, contudo, que está a área menos habitada da cidade, com boa parte do território sendo destinada à preservação ambiental.
Um dos distritos de lá é Marsilac, onde havia 3 mil habitantes em 2010 e agora a região conta 11 mil, enquanto Parelheiros chegou a 153 mil moradores.
Ainda na zona sul, o Grajaú segue como o distrito mais populoso da capital – são 384 mil moradores, ante 360 mil. O valor, contudo, é bem abaixo de estimativas que colocavam quase 500 mil moradores na região.
Jardim Ângela, com 311 mil e Capão Redondo 270 mil, completam a lista dos distritos da sul que são os mais habitados da cidade. Mas neste último, houve praticamente uma estagnação no número de habitantes – alta de 0,76%.
No outro extremo de São Paulo, na região norte (ou noroeste como costumam chamar os moradores), a Subprefeitura de Perus alcançou 165 mil habitantes, um aumento de 11%. A alta foi impulsionada pela região de Anhanguera, distrito que saiu de 65 mil para 75 mil habitantes.
Outra área da zona norte com alta é Pirituba, região onde tem ocorrido um grande boom de novos condomínios residenciais. A subprefeitura da área chegou a 480 mil moradores, quase 10% a mais do que 12 anos antes.
Mas o crescimento na zona norte ficou apenas nessas áreas. As subprefeituras da @Casa Verde@ (-1%), Jaçanã (-2%), Freguesia do Ó/Brasilândia (-6%), Vila Guilherme (-7%) tiveram redução na quantidade de habitantes no período.
Fato parecido ocorreu em várias regiões da zona leste paulistana. O distrito de Cidade Tiradentes caiu de 211 mil habitantes para 194 mil. Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Sapopemba e Ermelino Matarazzo também seguiram o padrão de queda.
Procurada sobre esse resultado, a Prefeitura de São Paulo disse que a responsabilidade sobre os dados é do IBGE. O IBGE, por sua vez, não respondeu até a publicação desta reportagem se há algum motivo aparente para essa redução.
Em contrapartida, a Subprefeitura de São Mateus cresceu 6%, em especial por conta do distrito do Iguatemi, onde 22 mil pessoas passaram a morar nesses 12 anos. A Subprefeitura de Itaquera também teve alta na região.
Quando se leva em conta apenas os distritos, a Barra Funda, na zona oeste, é o território que mais ganhou habitantes proporcionalmente – mais do que dobrou o número de moradores no local, saindo de 14 mil para 33 mil. No entanto, o bairro segue como um dos pontos menos populosos.