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Prefeito do Itaim Paulista agradece a Deus pela pouca chuva de janeiro

Por: Redação

Com mais de 400 mil moradores, o Itaim Paulista é a região mais populosa da zona leste de cidade de São Paulo. Dimensão que parece não intimidar o economista José Agostinho, atual prefeito regional. O elevado contingente populacional não é a única dificuldade na região. Todos os anos, a população aguarda reocupada a chegada das chuvas. O combate aos alagamentos, com ruas inundadas por mais de 10 dias, é uma das demandas locais mais imprescindíveis.

Neste ano, porém, a situação foi diferente. A ausência das fortes chuvas não só aliviou a população, mas também o prefeito regional, que agradeceu, literalmente, aos céus. “Não pegamos nenhuma enchente na minha gestão. Deus nos ajudou muito”, afirma o gestor, que reconhece o desafio de controlar as enchentes como central.

“Já estamos trabalhando para o próximo ano. Temos aqui seis córregos terríveis. Córregos tremendamente nervosos. Não dão sossego para a gente. Em vista, tenho feito levantamentos junto aos nossos engenheiros”, diz o mineiro nascido em Rio Novo, cidade vizinha a Juiz de Fora.

De Minas Gerais para São Paulo, lá vão 51 anos em terras paulistanas, garante o empresário, que também morou durante um período em Tangará da Serra, no Mato Grosso, para expandir os negócios na área de contabilidade e consultoria empresarial.

De acordo com Agostinho, no Itaim Paulista, 42% das enchentes são provocadas pelo lixo jogado dentro dos córregos. “Já chegamos a tirar carcaça de carro de tubulações, geladeira e longarina de caminhão. Quando isso atravessa a boca das manilhas, segurando tudo. Se não tivéssemos lixo nenhum no córrego, tenho certeza que não teríamos enchentes aqui na região”, comenta.

Zeladoria mais intensiva? Para o gestor, falta também conscientização. “A gente faz coleta de lixo diariamente. O problema são aquelas pessoas que tiram o problema das suas casas e jogam para outro, sem generalizar. Basta andar na beira de córrego para ver”. Para evitar o problema, Agostinho diz que são feitas campanhas de conscientização.

A situação é ainda mais preocupante porque muitas ruas do Itaim Paulista estão abaixo do nível do Rio Tietê. Em 2016, pelo menos 14 vias foram cobertas pela enchente, o que afetou 80 casas no bairro Vila Itaim.

As enchentes ocupam a primeira posição no ranking de desafios da gestão. Em seguida está o lixo. “O lixo está sendo um problema terrível. Fazemos coleta e no segundo dia já está tudo sujo”.

OPERAÇÃO SONO TRANQUILO

Depois da Cidade Tiradentes, o Itaim Paulista foi o segundo lugar a ser implementada a Operação Sono Tranquilo, considerada “bem sucedida” pelo prefeito regional, José Agostinho. “Copiamos e implantamos o trabalho do Oziel”.

Questionado sobre as reclamações de opressão na região vizinha, Agostinho salienta que a ação não é opressora. “Ocupamos o espaço antes de chegarem. Então não existe opressão. O conflito que pode acontecer é quando estão todos eles juntos”, afirma descrevendo a iniciativa que envolve GCM (Guarda Civil Metropolitana), PM (Polícia Militar) e a sede regional.

“Quando eles [organizadores e participantes dos pancadões] afrontam, aí sim, não tem como a polícia não intervir. Tem que ter uma reação. Isso em qualquer lugar”, justifica. “Ainda não tivemos esse tipo de caso. É uma coisa ou outra esporádica. Aquelas investidas da polícia. Mas não daquela coisa de bater. Isso nunca existiu. Não tem bomba também. Às vezes, assim, soltam uma pequena… Não são aquelas bombas de grande porte. São aquelas que não causam efeito, a não ser barulho (sic).”

MILITÂNCIA

“Milito na política desde os 7, 8 anos, acompanhando meu pai nas ligas camponesas. Papai sempre foi político lá em Minas [Gerais] e morreu há pouco tempo, aos 95 anos. Éramos camponeses”, comenta.

Já na capital paulista, José Agostinho conta que iniciou na política quando Mário Covas (PSDB) era prefeito de São Paulo e ele passou a atuar na antiga ARME (Administração Regional de São Miguel, Itaim Paulista e Ermelino Matarazzo), nos anos 80.

Sobre aceitar o cargo de prefeito regional, ele afirma que “encarou com naturalidade”. “Esse cargo, para mim, é mais um. É motivo de orgulho, claro. A gente já tem um trabalho político na região há muito tempo. Saí dos movimentos populares, nas comunidades eclesiásticas de base. Tinha uma influência dos movimentos.”

O gestor diz que foi um dos fundadores do antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que mais tarde tornou-se o PMDB e o PSDB. “Sou desse movimento histórico de muitos anos. Fiquei afastado da política por um período. O que me fez retornar foi o Doria. Eu estava voltado para os meus negócios, para o lado empresarial. Eu tinha até pedido baixa da minha filiação no PSDB.” O cancelamento havia ocorrido há cerca de seis anos atrás. A revogação veio quando João Doria (PSDB) se candidatou à prefeitura.

“Trabalhamos juntos na época do Mário Covas. Ele ainda era molecão, tinha 22, 23 anos, mas já era presidente da Paulistur (atual SPTuris). Ele nos ajudava muito aqui nas festas do Itaim Paulista. A Paulistur tinha uma estrutura muito boa de palcos, som e ônibus. Quando ele se despontou como provável candidato, eu o apoiei por causa disso, por saber da dignidade dele. Estou aqui como indicação do prefeito.”

Fotos: Vagner de Alencar

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