Militante do PSDB desde 1989, Júlio Carreiro, 51, se viu diante de um grande desafio quando foi convidado pelo prefeito João Doria, que é do mesmo partido, para comandar a Prefeitura Regional de Cidade Ademar, que abrange o distrito homônimo e também o de Pedreira, na zona sul da capital.
Segundo Carreiro, a avenida Cupecê, no coração do distrito de Cidade Ademar, é a área nobre da região. Quem passa por ali e não conhece Pedreira, não se dá conta que 17,44% dos domicílios da distrito estão em favelas, de acordo com os dados mais recentes do Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo. “Eu dou muita atenção para lá porque fica aquém da Cidade Ademar”, frisou o prefeito regional.
“Nosso maior problema é social”, garante o gestor local. O distrito de Pedreira fica às margens da represa Billings e há habitações construídas em áreas de mananciais que não fogem ao olhar ambientalista de Carreiro.
Habitada por 424 mil pessoas, a Prefeitura Regional de Cidade Ademar tem mais habitantes que o município vizinho Diadema, que tem cerca de 415 mil moradores, segundo estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Faço questão de visitar os bairros, as associações quando a minha agenda está tranquila. Eu fico caçando lugar para visitar”, diz o prefeito, que acha importante este trabalho para conhecer as demandas da população.
Na área da cultura, Cidade Ademar é uma das dez prefeituras regionais que não têm centros culturais, espaços e casas de cultura, segundo o Observatório Cidadão. “A Casa de Cultura é uma pressão da população. A gente provavelmente vai conseguir ajudar a Secretaria de Cultura [a construir]”, diz.
Nestes primeiros meses, a regional tem trabalhado com afinco nos serviços de zeladoria. De acordo com números do próprio órgão, entre janeiro e abril foram recolhidos 2.240 toneladas de entulhos das ruas e o cata-bagulho recolheu 266,3 toneladas de lixo.
A sede da prefeitura regional tem cerca de 100 funcionários e o orçamento deste ano é de R$ 41 milhões. Para administrar tudo isso, Carreiro mantém uma rotina que tem início às 6h, quando acorda para assistir o jornalístico Bom Dia São Paulo, da Rede Globo, por orientação de Doria. O expediente começa às 8h. “Não tenho horário para voltar para casa”, afirma.
Carreiro garante que a prefeitura regional está de portas abertas para receber as reivindicações dos moradores. “Eu sinto a população muito colaborativa, compreensiva. Quando as pessoas vêm reclamar aqui [na sede da prefeitura regional] e a gente argumenta, eles entendem, eles ajudam, não sinto dificuldades com os moradores”, ressalta.
AMBIENTALISTA
“É um desafio grandioso para mim. Eu nunca estive na dianteira de um órgão assim. Sempre fui da área técnica”, afirma o prefeito regional. Formado em química, Julio Carreiro tem especialização em gestão ambiental, mestrado em química orgânica e doutorado ainda não terminado em química ambiental. Atuou por muitos anos como professor universitário.
Nascido na região conhecida como Casa Palma, em Cidade Ademar, morou no local até os quatro anos de idade, quando parte da família mudou-se para a zona norte. Uma tia, porém, continuou no bairro e os laços com a região se mantiveram.
Divorciado e pai de uma filha, Carreiro conheceu sua ex-esposa no distrito de Pedreira. Hoje, ele mora em uma travessa da avenida Nossa Senhora do Sabará, a menos de 10 minutos de distância da sede da prefeitura regional.
CARREIRA
Durante a gestão de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo, Júlio Carreiro foi diretor do Parque Raposo Tavares, em 2006. Além disso, trabalhou no Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal), onde atuou como gerente técnico, e foi assessor técnico da (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Carreiro também trabalhou na campanha de João Dória, o pai, para vereador da cidade de São Paulo, em 1996. Na política, o maior ídolo do prefeito regional de Cidade Ademar é o ex-governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB). “A história do Brasil seria diferente se ele não tivesse morrido”, garante. Covas faleceu em março de 2001, vítima de um câncer na bexiga.
Foto: Diogo Marcondes