“O turismo é a salvação da lavoura de quem mora em Parelheiros”, afirma Elard Biskamp, 61, ao falar do projeto que pretende implementar como prefeito regional de Parelheiros. Uma dos problemas locais que ele aponta como possível de ser evitado com esse tipo de investimento é o aumento das moradias irregulares.
Além disso, Biskamp acredita que fomentar o turismo é uma forma de gerar empregos de qualidade na região, o que impediria que os moradores fiquem de duas a três horas no trânsito para chegar ao trabalho.
Residir distante de onde se realiza a atividade principal, que muitas vezes é o trabalho, é uma realidade constante entre os moradores do extremo sul. De acordo com a Pesquisa sobre Mobilidade Urbana em São Paulo, divulgada no ano passado, 42% de quem vive na zona sul da capital gasta entre 1h30 e 3h no deslocamento.
Outra defesa de Biskamp é a cobrança para entrar em parques da região, inclusive da população local. “Em várias partes do mundo se cobra para entrar nos parques. Por que no Brasil tem que ser de graça?”. Ainda segundo ele, Parelheiros possui uma vasta área que não é aproveitada e também espaços abandonados, como o de um antigo clube. Por lá, pretende construir um parque de eventos.
A região
Situada no extremo sul de São Paulo, Parelheiros tem dois distritos: Marsilac e Parelheiros. Os dois fazem parte das APAs (Áreas de Proteção Ambiental) Bororé-Colônia e Capivari-Monos. Por lá, já são desenvolvidas algumas atividades de ecoturismo, implementadas pela Prefeitura de São Paulo.
Dados do Observatório Cidadão mostram que os dois distritos mais distantes do centro da capital têm juntos o pior indicador na geração de empregos. Os números mais recentes, de 2014, indicam que 6.681 empregos foram criados para uma população de 150.504 pessoas. Parelheiros só está à frente da Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste.
Os índices não são baixos somente na área de empregabilidade. Faltam também equipamentos esportivos e culturais. Números de 2015 apontam que a região conta apenas com três esportivos e um cultural.
Por outro lado, a prefeitura regional é um polo de agricultura orgânica. Há diversos agricultores que plantam e vendem para comércios e feiras distantes do extremo sul. Esta é uma área que o novo prefeito regional, Elard Biskamp, também pretende investir e incorporar ao turismo. Sua idéia é realizar feiras e até construir um mercado municipal de orgânicos.
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Do Brooklin Novo a Parelheiros
Filho de alemães que migraram para o Brasil na década de 40 após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Elard Biskamp nasceu na Maternidade de São Paulo, hospital que fechou as portas em 2003. Viveu no Brooklin Novo, zona oeste, nas proximidades da avenida dos Bandeirantes. “Por lá, antigamente existia a estrada da Traição, construída sob o Córrego da Traição, que desaguava no Rio Pinheiros”, conta Biskamp. Mudou-se para Parelheiros em 1972, pois a família queria viver próximo à natureza. “Aqui tem muita área verde e europeu gosta muito disso”.
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área de Tecnologia da Informação, tornou-se empresário. Casado, criou as três filhas em Parelheiros e as educou em um tradicional colégio bilíngue fundado por imigrantes alemães em Interlagos, bairro do distrito de Cidade Dutra, também na zona sul.
Apesar de ser filiado ao PSDB, argumenta que nunca esteve muito envolvido em discussões partidárias e não esperava a nomeação. Quando recebeu o convite de [João] Doria para administrar Parelheiros, diz ter pensado que não era verdade. Além do atual trabalho como prefeito regional, Biskamp também é integrante da AMTECI (Associação de Empresários da Região de Parelheiros) e da AESUL (Associação Empresarial da Região Sul).
Fotos: Priscila Pacheco