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Prefeitura de SP adia reunião com moradores da Brasilândia e desarticula participação local

Jardim Vista Alegre, na Brasilândia, zona norte de São Paulo

Por: Cleberson Santos

Uma mudança de última hora desagradou moradores do Jardim Vista Alegre, na região da Brasilândia, zona norte de São Paulo. A população aguardava por uma reunião com o prefeito de cidade, Ricardo Nunes (MDB) no dia 21 de junho, porém, o evento foi cancelado na noite anterior e remarcado para o dia seguinte, em horários e locais diferentes, desarticulando a participação da população.

O encontro, ocorrido em 22 de junho, no Jardim Carumbé, bairro vizinho, teve como tema principal o histórico de enchentes na região, uma realidade marcada por deslizamentos de terra, alagamento de casas e perda de bens conquistados em toda uma vida de trabalho.

A dona de casa Arliene da Rocha Santos, 35, que vive no bairro, relatou que no ano passado teve o carro danificado por conta da chuva. Neste ano, com as chuvas deste verão e após realizar a manutenção do veículo, ele foi novamente atingido, desta vez com perda total. Ela é uma das moradoras que planejava participar da reunião com o prefeito.

Ela é uma das moradoras que planejava participar da reunião com o prefeito no bairro. “Fazia duas ou três semanas que a gente aguardava por essa data [da visita]. Saiu tudo muito diferente, tudo muito complicado para a gente aqui do Vista Alegre comparecer”, diz. “Temos UBS, escola, CRAS, pré-escola, tudo ao redor da pracinha, pessoas de vários setores participariam. Todo mundo estava se mobilizando para comparecer, já que as enchentes afetam todo mundo”.

Arliene, que mora desde sempre no Jardim Vista Alegre, conta que o bairro sofre com inundações frequentes há pelo menos 13 anos.

“Teve uma grande enchente aqui em 2010, e desde essa data que a população aguarda uma devolutiva com soluções sobre essas enchentes”.

No evento realizado em junho, Ricardo Nunes anunciou a construção de duas galerias, que juntas terão 600 metros de extensão que “passarão por baixo da rua, sem muita quebradeira”. As galerias receberão o fluxo do córrego Bananal e passará pela avenida Manoel Bolívar, entre as ruas Hélcio da Silva e Laurindo dos Santos.

“É uma obra grande, de R$ 25 milhões. E a gente já vai poder ter um reflexo positivo nas próximas chuvas. Não vai resolver 100%, a obra demora 18 meses, mas nós vamos ter um reflexo positivo para a gente resolver o problema da enchente aqui”, declarou o prefeito no evento do Jardim Carumbé.

“Janeiro está próximo, final do ano está próximo, a gente começa a ficar com medo a partir de novembro. Então, eu creio que não, que não terá nenhuma alteração antes das piores chuvas para a gente.”

Arliene da Rocha Santos, 35, moradora do Jardim Vista Alegre

O que resta aos moradores, enquanto a obra não começa e as chuvas não vêm, é se preparar, ainda que de forma limitada.

“As casas aqui são pequenas, então não tem como você já ir tirando as coisas, ir deixando no alto porque não teria como as pessoas se locomoverem dentro da própria casa. O que muitos fazem é não comprar mais nada, porque é inviável, você compra e perde. Além das casas que se equiparam com comportas”.

A Agência Mural entrou em contato com a SIURB (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras) da Prefeitura de São Paulo. Por meio de nota, a pasta informou que o projeto das galerias no Jardim Carumbé ainda está em fase de estudos, com previsão de conclusão para o fim do mês de julho.

“Tão logo sejam concluídos os projetos, o processo licitatório para a contratação das obras será publicado”, afirma o texto.

Segundo a nota, a subprefeitura da Freguesia/Brasilândia realiza a limpeza do córrego localizado na Avenida Manoel Bolívar trimestralmente, “assim como a capinação do passeio e a pintura da guia. Na avenida, a varrição é feita diariamente e a operação cata-bagulho é mensal, a próxima coleta será realizada nesta semana”.

A assessoria da SIURB não respondeu os questionamentos da reportagem a respeito dos benefícios prometidos pelo prefeito para as próximas chuvas, se há um plano de apoio aos moradores em caso de novos alagamentos e qual foi a justificativa para o adiamento e a troca do lugar do evento com o prefeito Ricardo Nunes.

Esta reportagem foi produzida com apoio da Report For The World

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