A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, abriu inscrições para a 3° edição do programa de Fomento à Cultura da Periferia.
Com o objetivo de apoiar financeiramente projetos e ações culturais, os coletivos selecionados receberão entre R$ 105.096,67 e R$ 315.290,00 para atuar nas periferias do município de São Paulo ou em bolsões com altos índices de vulnerabilidade social (distritos com grande concentração de domicílios com renda de até meio salário mínimo per capita).
As inscrições vão de 4 de julho a 6 de agosto de 2018 e podem ser realizadas na plataforma SP Cultura ou nos locais de inscrição. Acesse o site para mais informações.
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A produtora cultural Suzi Soares, 52, e seu companheiro Binho, 54, moradores do Campo Limpo, na zona sul, tentam o edital pela terceira vez. Eles realizam de forma independente, desde 2004, o Sarau do Binho, que reúne poetas, cantores e músicos – iniciantes e veteranos – em espaços culturais nas periferias da cidade.
A partir de 2015, junto com a também produtora Diane Padial, criaram a Felizs (Feira Literária da Zona Sul), que já chegou à sua terceira edição no ano passado.
“Tentamos [o edital] nas duas edições, mas a concorrência é grande. Como já tínhamos um ProAC (Programa de Ação Cultural), eles consideram que estamos apoiados de alguma forma. Mas esse apoio é apenas para a Felizs, e não para as atividades do sarau”, comenta Suzi.
Em 2017, o Coletivo Fora de Frequência foi um dos selecionados no segundo edital do Fomento à Cultura da Periferia com o projeto “Hip Hop Ontem, Hoje e Amanhã”.
O grupo, formado por seis pessoas, começou em 2006 como um grupo de rap e há mais de 10 anos desenvolve eventos e oficinas culturais em espaços públicos, como ruas, escolas e praças.
O edital permitiu que o coletivo inaugurasse, em abril de 2018, o Centro Cultural Mocambo, no bairro Alto da Riviera, também na zona sul da cidade.
Durante dois anos, o valor recebido permitirá que o espaço promova eventos gratuitos destinados a artistas e moradores do distrito do Jardim Ângela e entornos, além de oficinas culturais voltadas para crianças e adolescentes, onde eles terão contato com os quatro elementos da cultura hip hop: DJ, MC, graffiti e breaking.
“Além do projeto ‘oficial’, o espaço abarca outros trabalhos que desenvolvemos, como o estúdio Ponta de Lança (produzimos artistas de diversas regiões a preços bem abaixo do mercado) e a Loja Rua6 (vendemos a valores justos artigos de marcas periféricas e grandes marcas voltados para o público do hip-hop, skate e basquete)”, comenta Alanshark, 37, fundador e produtor do Fora de Frequência.
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“Ainda organizamos o evento ‘Hip Hop Rua’, em parceria com o coletivo de DJs Refúgio. A iniciativa é mensal e também visa valorizar artistas da quebrada e fomentar o acesso à produção cultural gratuita. [Também] estamos em processo de desenvolvimento da programação com o objetivo de ampliar a gama de ações”, complementa.
O Centro Cultural Mocambo fica na rua Egídio Colonna, 4A – Alto da Riviera.
http://32xsp.org.br/2017/09/21/grajau-possui-10-vezes-menos-equipamentos-de-cultura-que-o-butanta/