Sotaque típico, reduto italiano e até cenário de novelas da TV Globo são algumas das referências para a Mooca, um dos bairros mais conhecidos de São Paulo. Há meia década residindo na rua da Mooca, viver na região pareceu não ser o suficiente para Isaac Trabuco, 33.
Após deixar o distrito Cursino, na divisa de São Bernardo do Campo com São Paulo, o jovem, que é pós-graduado em mídia e cultura pela USP (Universidade de São Paulo), decidiu ele mesmo entender e contar a história do bairro.
Para isso, ele criou uma reportagem multimídia, na qual reúne infográficos, vídeos e mapas que retratam, por meio de uma linha do tempo, passado e presente da Mooca. “Busquei entender onde eu estou e como posso contribuir para melhorar o lugar onde vivo”, explica.
Intitulada “Missão Mooca”, o projeto multimídia de Trabuco mostra como se deu a formação do bairro, como está hoje e quais são os projetos para transformá-lo num polo de economia criativa.
“A ideia é justamente mostrar desde o surgimento do bairro ao desenvolvimento e rebeliões movimentadas pelas chegadas dos imigrantes até mesmo o sonho de transformá-lo em bairro de primeiro mundo”, salienta.
Como mostra no projeto, as festas hipsters no cemitério de trens, os botecos e hamburguerias gourmets, além do projeto da prefeitura de transformar os antigos galpões num polo de economia criativa, são alguns dos fatores apontam para um processo de modernização do bairro.
Metro quadrado mais caro da ZL
Além de bairro, Mooca também é o nome dado a um dos seis distritos da região administrada pela Prefeitura Regional da Mooca. Tatuapé, Pari, Brás, Belém e Água Rasa formam o sexteto de distritos situados num perímetro que vai da zona leste ao centro.
O surgimento desses distritos são essencialmente marcados por fatos históricos que vão desde a luta pelos direitos trabalhistas até a polos industrias.
Em 1911, foi criada, no Belém, a Vila Maria Zélia. Construída por Jorge Street, médico e empresário brasileiro, filho de austríacos, que ergueu o bairro inspirado nas cidades europeias do início do século XIX. A vila, no entanto, foi palco para uma série de lutas pelos direitos dos trabalhadores.
Não contrário dos dias atuais, o Pari, desde o seu surgimento, sempre foi marcado por comércio intenso e muitas indústrias. Já o Tatuapé, que significa “caminho do tatu” em tupi-guarani, é o distrito mais populoso da subprefeitura. São 90 mil habitantes. Nos últimos 10 anos, sofreu um forte crescimento nos empreendimentos imobiliários.
O preço do metro quadrado no Tatuapé é o mais caro da zona leste, chegando a custar até R$ 9 mil, segundo pesquisa Geoimovel de 2013. Este valor é bem superior a outros distritos, como Lapa (R$ 7.666), na zona oeste, e Saúde (R$ 7.252), na sul.
Espalhados entre zona leste e centro, os seis distritos somam uma população com mais de 340 mil moradores e estão sob a administração do engenheiro Evandro Reis, subprefeito da região — o terceiro apenas na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).
No caso da Mooca, Trabuco chama a atenção para alguns dos aspectos positivos e negativos. Um deles, explica, é o baixo índice de arborização. “Do outro lado, há iniciativas legais, como a revitalização de prédios tombados”, destaca.