“O moderno não cabe a gente e ele não foi feito pra caber”. A cantora Maíra da Rosa, 39, não se sente representada pelo movimento artístico que revelou nomes como Anita Mafaltti e Mário de Andrade. Para ela, o Modernismo que ocupou o Theatro Municipal de São Paulo em 1922 colocou negros e indígenas na posição de objetos.
“Qual foi o lugar do negro e do indígena dentro dessa arte moderna? Foi lugar de objeto, de uma representação muito pobre, muito rasa”, reflete a cantora.
Vocalista do grupo Samba de Dandara, composto só por mulheres, Maíra faz parte de uma nova geração de artistas que, passados cem anos da Semana de Arte Moderna, cobra por mais espaço e diversidade na cena cultural da cidade e do país.
São negros, indígenas, mulheres e pessoas LGBTQIA+ que vêm das periferias e movimentam o circuito artístico, enquanto enfrentam desafios como a falta de investimento público e o preconceito.
No mês que marca o centenário da Semana de 22, a Agência Mural convidou seis artistas para falar sobre as mudanças dos últimos 100 anos, e sobre os desafios de quem faz arte e vem das periferias.A reportagem pode ser vista no vídeo abaixo.
Da capital paulista participaram: o poeta e fundador do Sarau da Cooperifa, Sérgio Vaz, que é do Jardim São Luís, na zona sul; o artista plástico e autor do projeto Quebradinha, Marcelino Melo, que é do Campo Limpo, também na zona sul; e o quadrinista João Pinheiro, que já foi indicado ao prêmio Jabuti pelo livro “Carolina”, e é de Cidade Líder, na zona leste.
Da Grande São Paulo foram entrevistados a vocalista do Samba de Dandara, Maíra da Rosa, de Osasco; e o cineasta e diretor do filme Perifericu, Rosa Caldeira, de Francisco Morato.
Também participou do vídeo, a atriz, MC e poeta, Roberta Estrela D’Alva. Ela foi responsável por trazer para o Brasil o slam, batalha de poesia falada que tomou as ruas das periferias.