Imagine discutir abertamente com moradores das periferias sobre a política de controle às drogas implantada por governos, sobre soluções para justiça climática e sobre direito à terra?
Esse dia chegou no Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo – mais precisamente na Associação Cultural Recreativa Esportiva Bloco do Beco. No último dia 24, ocorreu um encontro entre moradores e estudiosos, para o lançamento da sétima edição da revista PLANTÔ, edição especial INTERSECÇÃO – uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Política de Drogas, a Iniciativa Negra e a International Coalition on Drug Policy Reform and Environmental Justice.
“Os artigos [publicados na revista] nos ajudam a aprofundar as conversas e entender o quanto a política [de combate] às drogas e o racismo ambiental afetam os territórios periféricos”, defende o ativista Alex Barcellos, que participou do evento.
Uma coletânea inédita de 17 textos, assinados por estudiosos nacionais e internacionais, debatem as ações dos governos nas quebradas, que por vezes aceleram a degradação socioambiental e ameaçam lideranças locais, como apontam os pesquisadores. Os temas analisados vão da pulverização de agrotóxicos a direitos das juventudes indígenas, passando por práticas de redução de danos para pessoas com dependência química e biodiversidade brasileira.
A revista está disponível para download gratuito em português, espanhol e inglês.
“Falar desses assuntos nas periferias, nas favelas, é importante porque é uma questão de sobrevivência”, Dandara Rudsan Sousa de Oliveira, travesti, ribeirinha de Belém-PA e graduada em Direito @Léu Britto/ Agência Mural
“Hoje, a gente tem uma política sobre drogas que não representa as comunidades de favela. Precisamos construir um modelo de política pública discutido com nosso povo e debatido na grande mídia”, Luana Malheiro, antropóloga da Universidade Federal da Bahia @Léu Britto/ Agência Mural
“O problema é a comercialização das drogas dentro da periferia. As comunidades pretas, empobrecidas e periféricas são as que sofrem com a violência”, diz Alex Barcellos, ativista e participante do evento @Léu Britto/ Agência Mural
“O consumo controlado, com finalidades terapêuticas [de substâncias como a cannabis medicinal] deve ser debatido seriamente e regulamentado, para que possamos viver bem”, Luiz Claudio, articulador de parcerias do Bloco do Beco @Léu Britto/ Agência Mural
O evento contou com a participação de nomes importantes da luta social e da pesquisa acadêmica, inlcuindo Débora Silva, do Movimento Mães de Maio; Nathália Oliveira, da Iniciativa Negra; Anabela Gonçalves, socióloga e ativista cultural; Luana Malheiro, da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) e Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA); e Juliana Borges, escritora e conselheira da Iniciativa Negra.
Registro marca a importância da união entre ativistas e pesquisadores das favelas @Léu Britto/ Agência Mural
População negra do Jardim Ibirapuera compareceu para debater caminhos das contra as políticas antidrogas implantada nas periferias @Léu Britto/ Agência Mural
Afeto, amor e amizade entre as participantes Dandara Rudsan (esq) na Débora Silva (dir) @Léu Britto/ Agência Mural
Casa cheia para ouvir mulheres e suas vivências relacionadas à política de drogas e justiça climática @Léu Britto/ Agência Mural
A juventude marcou presença. Na foto, da esquerda para direita, o fotógrafo e articulador cultural William Oliveira e o rapper Pedro Zeferino (UPrince, nome artístico) @Léu Britto/ Agência Mural
Apresentação do coletivo Baque Atitude, na sede do Bloco do Beco, no Jardim Ibirapuera @Léu Britto/ Agência Mural
Apresentação do coletivo Baque Atitude, na sede do Bloco do Beco, no Jardim Ibirapuera @Léu Britto/ Agência Mural
