Com a justificativa de ter ampliado o número de leitos disponíveis para tratar da Covid-19, o governo do estado anunciou nesta quarta-feira (10) que todas as cidades da região metropolitana podem iniciar o processo de reabertura da economia – a chamada fase laranja.
Apesar disso, o número de novos casos na região metropolitana aumentou 23% e o de mortes 16%. Foram 1.008 óbitos por causa do novo coronavírus em sete dias e um total de 7.761 desde o começo da pandemia, aponta levantamento da Agência Mural nas 39 prefeituras até esta terça-feira (9).
Além da capital que chegou aos 84 mil casos, as cidades de Osasco, Guarulhos, São Bernardo do Campo e Santo André concentram a maior quantidade de casos. Proporcionalmente, Osasco e Barueri lideram o número de mortes por 100 mil habitantes. Apesar disso, a situação tem avançado para outros municípios.
Nos últimos sete dias, o maior crescimento foi em cidades menos populosas. Pirapora do Bom Jesus, São Caetano do Sul, Guararema, Mauá e Itapecerica da Serra, registraram a maior alta em número de vítimas, acima dos 40%.
Apesar do avanço em todas as regiões, a ideia é que todos os municípios possam começar a reabertura.
PLANO SÃO PAULO
A reabertura do comércio para as demais cidades foi autorizada após reclamação dos prefeitos sobre o Plano São Paulo – projeto que estabelece cinco fases para a retomada econômica.
O primeiro anúncio do plano, em 22 de abril, permitiu a abertura de alguns estabelecimentos apenas da capital. Nos dias seguintes, gestores criticaram a medida e a forma como a conta foi feita pela gestão estadual, que somou a situação das 38 cidades, excluindo apenas a cidade de São Paulo.
Algumas prefeituras como a de Mairiporã e de municípios do Grande ABC abriram comércios, mas houve questionamento na Justiça. Nas ruas, a sensação é de que o isolamento social tem ficado para trás.
O anúncio desta quarta-feira (10) permite que todas as 39 cidades possam iniciar a reabertura restrita de imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio de rua e shoppings centers. Por outro lado, bares, restaurantes, salões de beleza ou academias seguem proibidos.
O principal argumento utilizado pela gestão estadual é a capacidade hospitalar. As medidas de isolamento físico adotadas desde março visavam evitar a propagação acelerada do novo coronavírus e garantir o atendimento a todos.
O tratamento para Covid-19 é demorado e pode durar semanas para a recuperação. Pacientes que morreram da doença ficaram em média nove dias internados na capital.
As medidas de reabertura têm sido iniciadas mesmo com mais de 165 mil casos em investigação na região metropolitana e sem atender todos os critérios definidos pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Um documento da prefeitura de São Paulo indica seis condições previstas para isso:
1º) Ter a transmissão da Covid-19 controlada e saber de onde são os casos;
2º) Sistemas de saúde suficientes para o atendimento;
3º) Riscos de novos surtos minimizados: ter equipamentos e condição de prevenção;
4º) Medidas de prevenção nos locais de trabalho adotadas;
5º) Riscos de importação de casos evitado com testes em quem fizer viagens;
6º) Ter a população completamente engajada no combate.
No mesmo relatório, ainda em maio, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que o município atende a dois desses seis critérios, o segundo, com relação a capacidade de atendimento, e o quarto.
A questão da capacidade também tem sido argumento do governo do estado. Segundo o levantamento, houve redução na ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de 72,6% para 69,1%.
A gestão afirma que houve aumento no número de vagas, após o envio de respiradores para os municípios. Entre 25 de maio e 1º de junho, foram 1.078 novos leitos de terapia intensiva criados, chegando a 7.610 no estado.
Afirma também que “houve melhora nos índices semanais de variação de casos confirmados, internações e mortes por COVID-19”.