As eleições para a presidência e para o governo do estado mostram uma mudança no comportamento dos eleitores das periferias de São Paulo na comparação com quatro anos atrás.
Neste ano, na maioria das regiões nos extremos da cidade, o PT obteve mais votos tanto para governador quanto para presidente, diferentemente de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu ser mais votado na maioria das quebradas.
No Brasil, Lula obteve 48% dos votos válidos neste domingo (2) contra 43% de Bolsonaro e os dois disputarão o 2º turno dia 30 de outubro. Contudo, o petista foi menos votado no estado de São Paulo do que o candidato à reeleição.
Há quatro anos, quando o PT era representado por Fernando Haddad, o partido conseguiu vencer em apenas quatro zonas eleitorais da cidade no primeiro turno: Piraporinha, Parelheiros e Grajaú, na zona sul, e Cidade Tiradentes, na zona leste.
Desta vez, com Lula como candidato, houve mais votos em 41 zonas eleitorais – a maioria delas nos extremos de São Paulo. No total, o ex-presidente tem vantagem de 47,5% dos votos contra 37,9% em toda a cidade, mas algumas regiões deram uma vantagem bem mais ampla.
A maior delas foi na zona sul. Em Piraporinha, zona eleitoral que é formada por bairros do Jardim Ângela, Lula obteve 62% contra 27% de Bolsonaro. No Grajaú, distrito mais populoso da capital, foram 61,77% ante 27% do candidato do PL.
DIVISÃO DA CIDADE NAS ELEIÇÕES: Diferente da divisão oficial de São Paulo, em 96 distritos e 32 subprefeituras, as eleições têm um outro recorte na cidade de São Paulo. A capital é dividida em 58 zonas eleitorais pela cidade. Do total, 33 estão em regiões periféricas.
Na zona leste, Cidade Tiradentes também registrou marca acima de 60% para o petista. Essas três zonas eleitorais já deram mais votos aos petistas em 2018.
Porém, o voto no PT se ampliou pelo restante da cidade. Em Perus, por exemplo, no extremo noroeste, Bolsonaro teve mais votos em 2018. Este ano, Lula obteve 54% dos votos. A mudança foi semelhante em grande parte do extremo leste e oeste da capital.
Por outro lado, este ano Bolsonaro seguiu sendo mais votado no Tucuruvi, na zona norte, onde obteve 44% dos votos, em Pirituba, onde recebeu 43%, e na Vila Maria, onde chegou a 47%. A melhor votação dele foi na Vila Formosa, zona leste, onde obteve 49% dos votos. Este ano, ele teve 17 zonas eleitorais à frente, bem abaixo das 50 que obteve no primeiro turno de 2018.
A situação é semelhante na Grande São Paulo. Enquanto apenas uma cidade deu mais votos ao PT em 2018, Francisco Morato. Este ano foram 25 municípios.
Governo do estado
O voto para governador também acompanhou a votação de Lula nas zonas eleitorais periféricas, mas Haddad teve mais votos em mais regiões – chegou a 44 zonas eleitorais. Ele foi mais votado em Pirituba, Butantã e Vila Matilde, mas em um cenário apertado com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e com o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) pesando na votação.
Contudo, o cenário é bem distinto do de 2018, o que dificulta comparações. Na época, Bolsonaro não contava com um candidato apoiado oficialmente no primeiro turno. O PT, por sua vez, havia lançado o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), que ficou apenas na quarta posição no estado.
Apesar disso, ele foi mais votado em vários extremos da cidade: Perus, Brasilândia, Campo Limpo, Capão Redondo, Valo Velho, Piraporinha, Parelheiros, Grajaú, Teotônio Vilela, São Mateus, Cidade Tiradentes, Guaianases, Itaim Paulista e São Miguel Paulista.
Paulo Skaf (MDB) ficou mais votado no Jaraguá e na Capela do Socorro. Márcio França recebeu mais votos em oito zonas eleitorais da zona leste, enquando João Doria foi mais votado em boa parte da zona norte e oeste da cidade. No segundo turno, França venceu na grande maioria das zonas eleitorais que estão nas periferias.
No estado como um todo, Tarcísio recebeu 42% ante 35% de Haddad e eles disputarão o 2º turno dia 30.