Fotos de 14 bairros das periferias de São Paulo mostram cenas e trazem curiosidades da história dessas regiões
Por: Paulo Talarico | Priscila Pacheco | Cleber Arruda
Notícia
Publicado em 25.01.2019 | 9:18 | Alterado em 23.01.2022 | 16:30
Para marcar o aniversário da cidade de São Paulo, a Agência Mural separou uma série de imagens que compõem os vários bairros longe do centro. Confira também algumas curiosidades sobre as periferias da capital.
A Brasilândia é formada, principalmente, por Jardins paulistanos de morros coloridos, escadões íngremes e diversos desafios de infraestutura para os moradores. Desassistidos pelo poder público, igrejas e bares são duas das instituições mais presentes nos bairros; elas atendem diversos gostos e crenças. Muito “tum tum tum tum ra tá tá tá” das motos e áudio dos carros dos ovos compõem a trilha sonora.
Lugar de craque de futebol, samba, pancadão, ocupações e matas, a região aguarda há anos pelo cumprimento de promessas como uma linha do metrô e um hospital. Trânsito intenso e ruas sem calçadas, sem acessibilidade configuram dificuldades diárias. Por lá está o Jardim Damasceno, onde há mais de 40 anos a ocupação dos morros da região deu origem ao bairro.
Outra ocupação que se tornou um bairro na zona norte é a Jova Rural, no distrito do Tremembé. Nela fica o CEU Jaçanã. A obra da unidade básica de saúde da região ainda não foi entregue e completou dois anos de atraso em agosto.
A 6 km da Jova Rural está a Vila Albertina, também no distrito do Tremembé. O bairro tem forte presença de nordestinos e teve como um dos habitantes o piloto Ayrton Senna.
A Vila Maria faz aniversário em 17 de janeiro. Neste ano, completou 102 anos. Depois da forte presença de portugueses e espanhóis, passou a atrair também latinos, por conta do mercado têxtil em bairros próximos como o Pari e o Brás.
Oficialmente, Pirituba está na zona norte de São Paulo. Quem vive na região, porém, tem uma interpretação diferente. Em geral, moradores gostam de dizer que estão na zona noroeste, numa junção de norte e oeste. Mas há quem se coloque como da zona oeste, caso do grupo RZO (Rap da zona oeste), que é da região.
Prato do dia correria, Você vai me entender, Jeito Pirituba de ser /
De chinelo, de bermuda. Me apresento a você. É o jeito Pirituba de ser /
Bem a vontade, aqui na laje. Futebol ‘pa nóis’ vê. Jeito Pirituba de ser”
Trecho da música “Jeito Pirituba de Ser” do músico Rodrigo Pirituba.
Dentro da subprefeitura de Pirituba/Jaraguá está a Parada de Taipas, bairro que surgiu após a criação da estação de trem de mesmo nome, no final do século 19.
O trem, uma fábrica de cimento, local onde assassinatos foram escondidos em uma vala durante a ditadura militar e o quilombaque estão entre alguns pontos marcantes do distrito de Perus, no extremo norte de São Paulo. A região completou 84 anos no final do ano passado.
Na zona oeste, o Rio Pequeno fica entre a rodovia Raposo Tavares e a Avenida Corifeu de Azevedo Marques. O distrito é administrado pela subprefeitura do Butantã e um dos que conta com menos espaços culturais. Apesar disso, conta com a atuação de artistas de rua como o Bboy Kakaroto. Perto do Rio Pequeno está também o Jardim São Remo, em uma área colada a Universidade de São Paulo, na região do Butantã, zona oeste da capital.
Com um nome que tem origem na tribo indígena guaianás, o distrito de Guaianases está no extremo leste da capital, onde os trens da linha 11-Coral param e os passageiros que seguem para a Grande São Paulo fazem baldeação. Desde 2014, moradores têm buscado resgatar a história da região.
Perto da avenida Mateo Bei, as ruas de São Mateus, na zona leste de São Paulo, são repletas de grafites da chamada Favela Galeria. Localizada na rua Ângelo Archina, o espaço é um dos símbolos do distrito e vários muros do local estão pintados em uma verdadeira exposição a céu aberto.
Itaim Paulista, na zona leste (Vagner Alencar/Agência Mural)
No extremo leste de São Paulo, o Itaim Paulista completa neste ano 408 anos. A região com mais de 200 mil habitantes chega até os limites faz divisa com outras cidades da Grande São Paulo, como Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Poá.
“Cidade Tiradentes é uma mulher negra e mãe solteira”, definiu Cláudia Canto, escritora que vive no bairro desde os anos 1980. A região tinha habitantes desde o final do século 19. Nos anos 1970, começaram a ser construídos conjuntos habitacionais, que foram entregues na década seguinte. Com população de mais de 200 mil habitantes, a região carece de oportunidades de emprego e é o distrito com a menor disponibilidade de vagas formais.
Super populoso com um trânsito terrível, mas com grande força na produção cultural. O Grajaú é um dos maiores distritos da zona sul e conta com uma roda de samba há mais de 10 anos. O distrito é tipo o poema a Flor e a Náusea de Drummond. A flor que brota no asfalto em meio ao caos.
“Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”
“Entre meados das décadas de 1970 e 1980, foram especialmente os pés nordestinos que pisaram em Paraisópolis, deixando suas terras natais para encontrar o paraíso que para a maioria era conhecido como São Paulo”, aponta Vagner de Alencar, no livro Cidade do Paraíso. “Se alguns becos e vielas são esconderijos para o tráfico, a maioria deles une as pessoas que, com suas vozes e histórias, usam essas ruelas e esquinas para costurar o dia a dia na imensa favela localizada no coração do bairro chique”.
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
Jornalista, cofundadora e correspondente do Grajaú desde 2015. Atualmente, é editora-adjunta. Curte viajar e ler. Ama gatos e gastronomia.
Cofundador, correspondente da Brasilândia desde 2010 e editor em projetos especiais. É jornalista do Valor Econômico e voluntário do projeto Animais da Aldeia. Canceriano, gosta de cachorros e de viajar por aí.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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