Entre lágrimas, o aposentado José Maria do Souza, 67, morador de Perus, na zona norte da capital, conta sobre os abusos de agressão e extorsão do filho de 21 anos. “Ele se separou da esposa e foi para minha casa. Já quebrou o microondas e até me agrediu.”
“Ele não paga luz, aluguel, nada. Chega o fim do mês, o dinheiro acaba e precisa pedir ajuda para os meninos amigos. Outros idosos me ajudam. Sem eles eu não sei como sobreviveria”, lamenta.
A história de Souza vai em direção aos dados divulgados pelo Mapa da Desigualdade, que mostra que Perus assume a primeira posição no ranking de subprefeituras com maior número de casos de agressão a idosos.
Apenas no distrito, que leva o mesmo nome da subprefeitura, foram contabilizadas 12 ocorrências em 2015 — o que corresponde a 11,74 para cada 10 mil moradores, segundo levantamento.
Na região vivem 10.244 mil moradores, com 60 anos ou mais, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2012, havia sido registrado somente um caso. No ano seguinte, foram 11, enquanto o pico ocorreu em 2014, com 16 agressões.
Também afastados do centro da cidade, São Miguel Paulista, Sapopemba, Guaianases, Cidade Tirantes e Itaim Paulista são os outros seis distritos com o maior número de ocorrências. No Itaim Paulista (zona leste) o índice é 8,83, enquanto em Parelheiros (sul) é de 8,19.
Na contramão desses números estão as subprefeituras de Santo Amaro e Vila Mariana, ambas na zona sul, que não registraram nenhuma agressão.
Segundo a Pesquisa Irbem 2016, o nível de satisfação da qualidade de vida em São Paulo não vai nada bem para as pessoas da terceira idade. A nota média dada na área “terceira idade” foi de apenas 4 pontos — numa escala de até 10. O número é inferior aos últimos dois anos, de 4,4.
Partindo para aspectos específicos como atividades culturais, esportivas e recreativas para a terceira idade, a redução da satisfação caiu de 4,8 para 4,6 em 2015. O atendimento especializado, de 4,5 para 4,1, assim como os cursos para idosos.
Já a avaliação relacionada ao respeito e oportunidades de trabalho para terceira idade sofreram as maiores quedas de avaliação, saltando de 4,3 para 3,8 e 3,9 para 3,3, respectivamente.
Foto: Emília Silberstein/ Flickr