A região do Ipiranga tem o que comemorar quando o assunto é agressão contra criança e adolescente. Em 2015, a subprefeitura se manteve como uma daquelas com menores índices da cidade de São Paulo. Entre as 88 mil crianças de zero a 14 anos, cinco delas sofreram internações por causas relacionadas a possíveis agressões.
Divulgado pelo Mapa da Desigualdade, esse índice é quatro vezes menor do que em 2014, quando foram contabilizados 21 casos, e quase oito vezes superior a 2013, com 39 agressões. As subprefeituras de Vila Prudente (zona leste), Pinheiros (oeste), e Vila Mariana (sul), não contabilizaram nenhum caso, de acordo com os dados desse ano.
Na outra ponta, em São Miguel (zona leste), Parelheiros (sul) e Itaim Paulista (também na leste) estão a maior parte dos casos. No Itaim Paulista, por exemplo, a taxa foi de 22,84, ou seja, 214 casos para uma população de 93 mil crianças e jovens. Uma diferença de quase 136 vezes se comparada à Subprefeitura da Sé, com somente um caso.
Thani Kelly de Barros, 26, moradora no Jardim Seckler, que pertence ao distrito do Sacomã, na Subprefeitura do Ipiranga, revela que já presenciou agressões contra jovens. Em festas rola bastante [agressões], porque, querendo ou não, é um ambiente propício a isso”, diz. “No passado, eu me sentia mais insegura, hoje não”, pondera a jovem que cresceu no bairro.
Ex-auxiliar administrativo, Thany Kelly conta ainda que desconhece a existência de casos no âmbito familiar. “Tenho vários sobrinhos ‘postiços’ e sempre percebo uma relação boa dentro de casa. Não me recordo de nada de anormal”.
Âmbito nacional
Segundo dados do Disque 100, serviço mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), em 2015 foram registrados 21.021 denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes.
Os números ainda apontam que a maior parte das vítimas é de meninas, 45% delas, com idades entre 4 e 7 anos. Além disso, em mais da metade dos casos (58%), o pai e a mãe são os principais suspeitos das agressões, que acontecem geralmente em casa.
Ainda de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, violência física, violência psicológica e violência sexual foram os casos mais registrados. No entanto, o total de registros diminuiu em 1,6% na comparação com os três primeiros meses de 2014.
Fotos Rafael Neddermeyer