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Suspensão no transporte público preocupa moradores do ABC

Por: Katia Flora

Desde quarta-feira (18), moradores do Grande ABC estão em dúvida sobre o que fazer a partir das próximas semanas, por conta da decisão dos governos municipais de que os ônibus não circulem mais. 

A medida foi anunciada pelos prefeitos por conta da proliferação do novo coronavírus e o objetivo de que as pessoas evitem transitar pelas cidades.

A orientação tem sido para que os moradores que possam fiquem em casa. No entanto, não foi estabelecido o que será feito para os casos de emergência e para moradores que dependem do transporte e ainda não podem ficar em isolamento.

A decisão foi diferente de outras regiões da Grande São Paulo. No Alto Tietê, por exemplo, foi anunciado a redução no número de veículos em circulação no transporte público, mas não a suspensão completa. 

Ônibus de São Bernardo do Campo, no ABC @Divulgação

Na quinta-feira (19), os prefeitos do ABC fizeram uma videoconferência com o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM). Nela, a decisão foi mantida. Os ônibus municipais vão circular de forma gradativa até o dia 28 de março. A partir de 29 de março, o serviço será paralisado. 

Segundo o Consórcio Intermunicipal ABC, as cidades possuem 200 linhas de ônibus, que transportam cerca de 500 mil passageiros diariamente, nas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

A imposição dos prefeitos das setes cidades, em reduzir a frota dos ônibus, causou impacto na população que depende do transporte para ir ao trabalho ou outros locais. 

“Demoro em média uma hora para chegar no trabalho, vou de ônibus municipal e depois pego o trem da CPTM e desço em São Caetano do Sul”, diz o publicitário Samuel Carvalho, 32, morador de Mauá.

Ele trabalha na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul). A instituição resolveu dar uma licença remunerada para os funcionários por duas semanas. “Sem essa ação da empresa eu não teria como ir ao trabalho”, comenta.

Carvalho diz que a falta do transporte público afetará a rotina, pois para ir a qualquer lugar fora do seu bairro, o Jardim Mauá, ele precisa do ônibus.

Apesar do anúncio valer a partir da próxima semana, os moradores já tem sentido a queda no número de coletivos. “Percebi que a frota está limitada, pela demora dos ônibus nos pontos, e um número maior de pessoas esperando”, comenta a auxiliar administrativa Neusa Maria Procópio de Sousa, 51, moradora da Fazenda da Juta, na zona leste da capital, próximo do limite com a cidade de Santo André.  

Ela trabalha no município de São Bernardo e o percurso para chegar na empresa leva em média cerca de 1h15. São duas conduções todos os dias. 

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Auxiliar administrativa, Vera Lúcia Ferreira, 44, é mãe de três filhos e moradora do bairro Jardim Thelma, em São Bernardo do Campo. 

Ela trabalha em um escritório de contabilidade no centro da cidade, e pega uma condução pra ir e outra para voltar. O tempo de viagem é de cerca de 30 minutos. 

Mas com essas mudanças, na próxima semana, a chefia da empresa propôs para os funcionários o sistema home office. “É necessário ter essas precauções no trabalho, a higiene de como lavar as mãos, usar álcool em gel,  para combater o coronavírus e proteger as pessoas”.

Para Vera, a medida dos prefeitos de restringir o transporte público é drástica, porém entende que é necessária pela superlotação em horários de pico. “Se não agirem dessa forma como evitar que o vírus se propague?”, questiona.

A Agência Mural entrou em contato com o Consórcio Intermunicipal. Em nota oficial, a entidade informou que na próxima quarta feira (25) está agendada nova videoconferência entre os representantes do Governo do Estado, e os prefeitos do ABC, para avaliar a evolução da pandemia do novo coronavírus na região. 

Os chefes dos executivos reforçam que a decisão tem como objetivo minimizar danos à população e preservar as vidas.

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