Segundo dados do Ministério da Economia 5 milhões de trabalhadores, com carteira assinada, foram impactados com o coronavírus
Léu Britto/Agência Mural
Por: Redação
Notícia
Publicado em 04.05.2020 | 13:35 | Alterado em 22.11.2021 | 16:00
De acordo com dados do Ministério da Economia, divulgados pelo jornal Folha de São Paulo, pelo menos 5 milhões de trabalhadores, com carteira assinada, foram afetados desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil.
O “Em Quarentena” ouviu moradores das periferias para entender como a pandemia afetou seus trabalhos.
Cristiane mora na Vila Remo, na zona sul de São Paulo e é uma entre os milhões de brasileiros que passaram o feriado do dia do trabalhador sem emprego. Ela trabalhava na área financeira de um supermercado, mas por conta da crise, foi dispensada.
Apesar de todas as recomendações para não sair de casa, Cristiane disse que continua em busca de um novo emprego.
“Não dá para esperar. Independente de não estar havendo muitas contratações neste momento, é importante continuar antenado”. (ouça a partir de 01:44)
O senhor Antônio Carlos, morador do Jardim Ângela, no extremo sul de SP, saía de casa todos os dias para abrir seu restaurante na Mooca. Ele falou sobre o fato de estar com as portas fechadas desde o começo da quarentena e as contas que não param de chegar.
“Estou numa situação extrema. Não tenho apoio nenhum do governo, então não sei se abro o restaurante ou deixo fechado para evitar despesas como água, aluguel e luz. Eu tinha comprado mercadorias, que venceram. Perdi tudo porque está fechado há quase 90 dias”. (a partir de 02:14)
Ele compartilhou também que decidiu levar o negócio para dentro da própria casa. Começou a fazer quentinhas para vender no bairro. “Vou fazer umas massas, assar frangos e carnes para ver se faço alguma coisa no fim de semana, e assim, não ficar parado”. (ouça em 02:41)
Apesar disso, senhor Antônio confessou que a maior preocupação é ter de fechar de vez o restaurante. “Quando voltar, se voltar dia 10, terei que negociar como farei com o aluguel. Eu não recebi nada nem de um lado, nem do outro. Só despesas”. (em 02:53)
Wendell mora no Campo Limpo, na zona sul de SP e é microempreendedor. Ele trabalha com pintura e reformas em geral e contou que, por conta da pouca procura pelos serviços, virou entregador de aplicativo. “Minha área parou 99%. Para eu conseguir uma renda a mais, saio para trabalhar com aplicativos de entregas”. (em 03:31)
Ele é casado e tem dois filhos pequenos. Relatou que passa cerca de quatro horas por dia fazendo entregas de comida na rua. “Normalmente eu saio ao final do dia e fico até enquanto está tocando o aplicativo. Vou pegando os pedidos. Às vezes, dá uma travada ou não toca, aí desligo e vou pra casa”. (em 03:58)
O entregador reforçou que mesmo saindo de casa com frequência para trabalhar, segue as medidas de proteção contra o coronavírus. “Eu não tenho medo de sair de casa para poder trabalhar, mas lógico que eu procuro me precaver e tomar os meus cuidados”. (em 04:18)
Uma moradora da Grande São Paulo, que preferiu não se identificar, relatou que estava em home office, mas recentemente teve que voltar a trabalhar do escritório. “Não dá segurança. Mesmo que a pessoa esteja afastada e com portas abertas, é um ambiente fechado com ar condicionado. E a gente não sabe se todo mundo se cuida”. (em 05:05)
Ela disse que a empresa adotou o esquema de escalas, mas mesmo assim o receio de se contaminar é enorme. “Dá um certo medo porque está perigoso. Tem gente morrendo para todo lado. Está um desastre no mundo todo e aqui o pessoal está se cuidando muito pouco. Então o medo de trabalhar é gigantesco”. (em 05:23)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #27: Como está a vida dos trabalhadores das periferias.
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