Foi na virada da meia noite de 23 para 24 de novembro de 2010 que saía a primeira reportagem de um blog na Folha sobre as periferias. Passados 11 anos, aquele trabalho inicial, voluntário, se transformou. Contou histórias, mostrou as quebradas de uma outra perspectiva, cobriu espaços pouco presentes na imprensa e agora chega a uma nova fase.
Nesta quarta-feira (24) a Agência Mural de Jornalismo das Periferias lança um novo site para cumprir melhor a nossa missão: fazer bom jornalismo sobre as bordas da Grande São Paulo, cobrir a falta de informações sobre essas regiões e quebrar os preconceitos que historicamente marcam as quebradas. Como os cortes de cabelo estilosos das quebradas, nosso site também está na régua.
A celebração deste novo ano vem com o objetivo ambicioso de se aproximar ainda mais do nosso público, chegar mais perto dos jovens das periferias, de conversar sobre as notícias com uma nova configuração de editorias (que apresentamos a seguir), e de ampliar as possibilidades e o poder que o jornalismo pode fazer pelas periferias têm.
O que não muda é nossa essência e nossa missão. Seguiremos na linha de buscar combater a desigualdade social nas periferias, ir contra os rótulos e trazendo as histórias das quebradas feitas por quem vive nelas e sabe como é viver por aqui.
Essa nova forma só foi possível após um ano de muito trabalho e conversas por aqui sobre como poderíamos nos reinventar. Fazer tudo isso, em meio à maior crise da nossa história em termos sanitários, políticos e econômicos, foi desafiador. Foi um processo feito a várias mãos com um novo desenho e uma avaliação sobre o que as periferias querem e precisam saber.
Saindo da ideia de que são locais de carência e violência, de coitados e bandidos. A Mural mostra há 11 anos que é mais do que isso. São pessoas com voz e capacidade política.
São moradores que estão diariamente No Corre, em busca de driblar as dificuldades para conseguir grana para garantir alimento e fazer negócio dentro das suas próprias casas, por vezes.
São pessoas que se desdobram para Sobre-Viver e precisam de condições de saúde, assim como são afetados pelos impactos no meio-ambiente.
Trabalham e vivem diariamente indo de Ponto a Ponto, pulando vãos para pegar o trem, saltando em ônibus lotados, pegando carro por App quando aceitam levar até a porta de casa.
Também querem estudar e estudam, no ensino básico, médio, superior e pós-graduação e hoje são os professores que voltam para ensinar os seus – tudo isso Vale Nota?
E cada vez mais são comunidades que têm voz política, defendem seus direitos, lutam contra o racismo, a lgbtfobia, e toda a forma de preconceito. Convidam que você Democratize-se. Tudo isso produzindo uma riqueza cultural e esportiva para um Rolê que faz a cidade ser o que é.
Essas novas formas de comunicar nossas notícias vão ser enfatizadas ao longo dos próximos dias, meses e anos, ao longo da nossa cobertura. É um passo grande, mas convidamos você a nos ajudar a construir dia a dia esse jornalismo, Tijolo por Tijolo. Vamos nessa?