Desde que o pronto-socorro do Hospital Santa Marcelina fechou as portas, em 2011, os milhares de pacientes atendidos no local foram forçados a buscar suporte em outros hospitais da região. O Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, na zona leste, foi um dos que absorveram o contingente. Hoje, cerca de 1.000 pessoas circulam por dia pelos corredores da unidade hospitalar, que recebe gente de outros distritos da zona leste e de municípios vizinhos, como Guarulhos, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Guaianases. Isso tem provocado a superlotação do lugar.
Para a empregada doméstica Maria Silvana, 42, moradora de Guainases, a demora no atendimento, os equipamentos quebrados e a falta de estrutura complica ainda mais a situação no Tide Setúbal. “Já faz três horas que estou na espera do retorno de um ortopedista para ver o meu punho, que está aberto”, conta Maria, que esperava o atendimento na calçada, já que não encontrou nenhum ortopedista em sua região.
O pronto-socorro do hospital, que tem 50 anos de atividade, foi construído para atender uma população que na época era de 150.000 habitantes. Hoje em dia, ele serve a uma população de 400.000 pessoas vindas somente de São Miguel Paulista.
Ao 32xSP, o diretor administrativo do Tide Setúbal, Horácio Bonassi, afirma que o que causa a superlotação é o fato do hospital ser o único da região com uma AMA (Atendimento Médico Ambulatorial) hospitalar anexo. Segundo o diretor, inicialmente, o projeto da Secretária Municipal da Saúde era que ela ficasse ali por quatro meses, mas já passaram cinco anos. Bonassi complementa que uma das principais medidas a serem feitas é a retirada imediatamente do AMA hospitalar de dentro do espaço.
Para organizar o atendimento, a administração utiliza como ferramenta de trabalho a classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. Em atendimentos imediatos são colocadas pulseiras laranja ou vermelha. A azul, a verde, e a amarela servem para consultas que não requerem tanta urgência.
Embora o Tide Setúbal possua 198 leitos e 22 leitos de retaguarda, a falta de verba parlamentar é uma das reclamações apontadas pela diretoria do hospital. Com um número alto de atendimentos por dia, Bonassi percebeu que as refeições não têm sido o suficiente para os pacientes internados. “Percebemos diariamente que algumas pessoas têm vindo até o hospital apenas para fazer uma refeição por dia”, complementa.
De acordo com a pesquisa Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), divulgada em janeiro deste ano, a área da saúde teve uma das piores avaliações. Em uma escala de 1 a 10, a nota média dada pelos paulistanos foi de 3,2.
Foto: Danielle Lobato