Eleições têm o potencial de mexer com as expectativas e as discussões sobre melhorias na sociedade. Mas até agora, o que estamos vendo, infelizmente, é um Fla-Flu que discute a validade ou não da democracia – que está, de verdade, em risco. E nós, nas periferias, como é que estamos vivendo este ano eleitoral?
A crise pós-Covid, cujo impacto só foi exacerbado pela falta ou destruição de políticas públicas, que atendem as populações que mais precisam delas, colocou mais obstáculos no nosso cotidiano, e nos impede ainda mais de entrar neste debate tão importante. O aumento vertiginoso da desigualdade, a fome e o desemprego ampliaram nosso corre para sobreviver.
Mas como é que nós, organizações jornalísticas que cobrimos e servimos prioritariamente aos moradores das periferias, podemos fazer nosso trabalho para mostrar que, sim, há uma disputa muito importante da qual devemos participar: a defesa da democracia?
Ao longo dos próximos meses, buscaremos mostrar como o sistema eleitoral funciona e a relação direta do impacto das escolhas que serão feitas nesta eleição e as periferias. Lançaremos o Pega Visão, uma série de vídeos com informações detalhadas sobre a disputa eleitoral com um passo a passo para ajudar nesse processo de escolha e em todos os cargos — porque apesar de nacional, deputados e senadores causam impacto na nossa vida nas quebradas.
Vamos explicar por que a democracia é o caminho para conseguirmos as mudanças necessárias e para construir as soluções possíveis.
Também iremos desmentir boatos, propagandas e desinformações que surgirem durante a campanha em grupos de zap de nossos bairros e cidades. Essa checagem será feita em quatro comunidades da Grande São Paulo a partir de um projeto que vamos lançar no próximo mês em parceria com a Lupa e o WhatsApp.
Seguiremos ainda nossa cobertura do dia a dia, que vai trazer à pauta as necessidades que vivemos e como tudo se agravou, como as 80 mil mortes na Grande São Paulo por conta da pandemia, o corre de quem estuda para chegar à universidade ou até mesmo o sonho daquela estação de trem e metrô que estamos aguardando pra chegar em casa.
Nós temos uma editoria que fala muito da nossa postura sobre isso: Democratize-se! Este nome tem a ver justamente com garantir um espaço para trazer as vozes periféricas que buscam a igualdade de oportunidades e direitos para seus bairros e cidades. Porque não basta o voto. Viver a democracia significa engajar-se cotidianamente no que é nosso. Os mandatos são dados pelos eleitores, né?
E será assim nessa disputa.
Evidente que democratizar vai muito além das eleições, e as periferias sentem isso na pele cotidianamente. Mas respeitar e fazer valer o resultado da votação é o mínimo.
Vamos juntos?