“Acho que o orçamento da regional de Campo Limpo deveria aumentar e ele só vem diminuindo a cada gestão. Eu mesma pedi um aumento de 25% no que nos foi passado, mas ainda acredito que a abertura de uma nova prefeitura regional seria o adequado para atender as demandas. Do jeito que está fica bem difícil”, diz Rosa Richter, 53, presidente da associação de moradores do Panamby.
A moradora reside no distrito de Vila Andrade, que junto com Capão Redondo e Campo Limpo, pertence à prefeitura regional do Campo Limpo, na zona sul da capital, a maior de São Paulo com 607.105 habitantes, segundo o último censo do IBGE (2010).
A região, desde 2010, pede a criação de uma nova regional por acreditar que o bairro já estava em crescimento acelerado e precisaria de mais atenção em assuntos como planejamento viário e cuidados ambientais. Essa, inclusive, foi uma das demandas apresentadas na audiência pública devolutiva do Programa de Metas, ocorrida no início do mês passado e que apresentou as ações que serão executadas na gestão do prefeito João Doria (PSDB).
Rosa, que há mais de 20 anos já contribui com associações de bairro, conselhos e outros aparelhos de participação popular, foi o nome atrás do projeto apresentado à Prefeitura de São Paulo que justificava a criação da, na época, nova subprefeitura do Morumbi.
“Eu mesma organizei um boneco em que constavam números da região e projeções de crescimento que a região sofreria com o passar dos anos. Em 2002, nós que brigamos pela construção da ponte Itapaiúna/Perimetral que desafogaria o trânsito da região e, como sabemos, ela foi devidamente concluída apenas em 2016. A Vila Andrade teve um aumento populacional de 73,36%, enquanto São Paulo como um todo cresceu 8,78%, é gritante a necessidade de uma nova regional”, argumenta.
Segundo Marcelo Siqueira, 46, secretário-geral do Conselho Participativo Municipal do Campo Limpo, um dos grandes problemas do Campo Limpo é a centralização das demandas, principalmente em bairros ou regiões mais próximas do prefeito regional ou de pessoas ligadas a ele. “O que vem acontecendo é que não possuímos um retorno claro de nossas solicitações junto à administração local. É aí que surge o pedido de uma nova prefeitura”, explica.
Deise Bonome, 48, moradora da Vila Andrade, discorda do conselheiro e reforça que na época em que participava do Conselho Participativo via as demandas centralizadas nos bairros de Campo Limpo e Capão Redondo.
“Era bem desanimador, parecia que não éramos ouvidos, tudo se resumia aos dois distritos. Nossa região foi uma das que mais recebeu empreendimentos imobiliários, foi um boom populacional, porém ninguém está pensando nisso. Um exemplo é que nosso esgoto só passou a ser tratado há pouco mais de três anos, antes era jogado no rio aqui próximo e o cheiro era insuportável”, relembra.
A região da Vila Andrade contava com 127.015 moradores em 2010 (IBGE) e, segundo dados do Infocidade, chegará a 210.129 habitantes, um crescimento de 40%. Porém, dados de moradores refutam esse número e afirmam que a região já abriga mais de 400 mil pessoas.
De acordo com a presidente da associação dos moradores do Panamby, foram prometidas até 2020 cinco novas prefeituras regionais, uma delas a do Morumbi. “Já estive com o nosso vice-prefeito Bruno Covas (PSDB) que me afirmou que esse projeto sairia do papel e eu acho que não temos mais para onde realocar esse problema”, conclui.