Além da demora no embarque, moradores de diferentes regiões de SP reclamam da falta de coberturas nas paradas. Menos da metade dos pontos têm abrigos
Romulo Cabrera/ Agência Mural
Por: Redação
Publicado em 28.09.2018 | 13:59 | Alterado em 28.09.2018 | 13:59
O tempo médio de espera do paulistano para embarcar em um ônibus na cidade continua sendo de 15 a 18 minutos, segundo aponta a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana na Cidade”, divulgada na semana passada pela Rede Nossa São Paulo, Ibope e MOB Cidades.
O 32xSP entrevistou moradores de vários bairros da capital paulista e ouviu relatos de pessoas que precisam atravessar a cidade para trabalhar ou até mesmo ir ao médico. Além do tempo de espera, parte da população também reclama da ausência de abrigos nos pontos de ônibus. De acordo com a SPTrans, menos da metade do total de paradas possuem coberturas.
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A psicóloga Gabriela Ribeiro Ferreira, 29, diz que chega a esperar quase o dobro do tempo apontado pelo estudo.
“Para ir trabalhar pego um ônibus (Vila Sabrina – Metrô Tietê 2033-10), que sai da zona norte para o Tietê. Ele deveria passar pelo menos a cada 20 minutos, mas chego a esperar até 30 minutos”, relata a moradora da Vila Guilherme, na zona norte.
Para minimizar a espera, ela relata que já pensou em caminhar parte do trajeto.
“Existe outra solução: ir caminhando pela marginal, mas é muito perigoso, então não tenho outra saída. Onde espero tem cobertura. É menos sofrido em dias de chuva e sol”
Gabriela Ribeiro Ferreira, psicóloga
CADÊ A COBERTURA?
Na Vila Zilda, ainda na zona norte, a população sofre com a ausência de coberturas na maioria dos pontos de ônibus. Um problema especialmente em dias chuvosos, de sol a pino, além da privação de os passageiros poderem aguardar pelo coletivo sentados.
Exemplos disso podem ser vistos pelas avenidas Ushikichi Kamiya, na altura do número 680, onde fica a Furnas Centrais Elétricas, até o bairro vizinho, Jardim Fontális, por volta do número 2.400. Em todo esse trajeto há somente um ponto coberto.
“Há anos pego ônibus aqui. Os governantes pintam as faixas de pedestres, colocam semáforos, mas a gente precisa também de uma sombra para aguentar sol e chuva. O ônibus que aguardo é o 179-X Jardim Fontális / Barra Funda, que demora uns 20 minutos para passar”, pontua a atendente Joice dos Santos, 28.
Ainda no mesmo bairro, na avenida Antonelo da Messina, só dois pontos são cobertos.
“Eu trabalho no Brás (região centro-leste) e pego o ônibus 2105-10 Jardim Filhos da Terra/ Largo da Concórdia. Muitas vezes aguardo quase 30 minutos, e debaixo de chuva, porque o ponto não é coberto”, reclama o vendedor Rodrigo Silva, 21.
Na continuação da avenida, na rua Maria Amália Lopes de Azevedo, no sentido Tucuruvi, apenas um ponto de embarque tem abrigo.
“Não sei o motivo de nunca pensarem em colocar uma cobertura aqui. Esse ponto é antigo e tem espaço para fazer um ponto melhor”
Deise Ferreira dos Santos, recepcionista
Da zona leste para a zona sul, o tempo de embarque também beira os 20 minutos. “Moro no Carrão e pego a linha 4315-10, que vai para o Parque Dom Pedro (na região central), e não demora muito, uns 10 minutos. Mas quando preciso ir para a fisioterapia, que fica na Vila Mariana (zona sul), espero quase 20 minutos”, conta a profissional de marketing Izabel Hiar, 27, que também reclama da falta de cobertura no ponto.
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Situação ainda pior vive a comerciante Jéssica Camila Silva de Souza, 30, que chega a esperar até 60 minutos para embarcar. Segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana na Cidade”, 2% da população paulistana aguardam cerca de uma hora.
“Sempre vou de Ermelino Matarazzo para a Bela Vista, pego o ônibus no Metrô Itaquera, que leva 40 minutos para chegar. Mas a demora é de quase uma hora. Isso acontece todas as vezes que vou, por volta das 13h”
Jéssica Camila Silva de Souza, comerciante
“Esse ponto não é coberto e fica em uma avenida bem movimentada, em dias de sol e chuva é bem complicado. Já tentei mudar o trajeto, mas é contramão”, completa.
FORCINHA DOS APPS
Para driblar o tempo de espera, a assessora executiva Suzana Cicera da Silva, 39, moradora de Santo Amaro, na zona sul, usa aplicativos que informam horários e itinerários.
“Todos os dias, pego a linha 745M-10 Shopping SP Market / Campo Limpo, por volta das 7h. Para não ficar muito tempo no ponto, resolvi usar apps para me programar”, explica.
“Raramente eles erram. Saio de casa faltando uns cinco minutos. Mas aos finais de semana, realmente é muito difícil porque a frota diminui”, emenda.
OUTRO LADO
Em nota, a SPTrans informa que das 19.500 paradas de ônibus existentes na cidade de São Paulo, 6.500 possuem abrigo. No total, existem 8.700 unidades de cobertura, já que pontos com alta demanda de passageiros podem contar com mais de um abrigo.
Segundo a empresa, para que uma parada esteja apta a receber um abrigo, é necessário que tenha infraestrutura de calçamento no passeio com largura mínima de 2,50 m por 6 m.
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Além disso, não pode haver interferências na área do ponto, como guia rebaixada, hidrantes, telefones públicos, caixa de inspeção e árvores, por exemplo.
Sobre os pontos de ônibus não cobertos, a SPTrans esclarece que o aumento de pontos de parada com cobertura ocorrerá de forma gradual, em locais que atendam os requisitos técnicos para instalação desse tipo de equipamento.
Pelo site da Prefeitura de São Paulo, é possível fazer um pedido ou reclamação sobre a situação dos totens (pontos de ônibus).
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http://32xsp.org.br/2018/01/03/corte-de-linhas-de-onibus-muda-habitos-de-moradores-na-zona-leste/
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