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Cidades suspendem aulas e enfrentam risco de deslizamento nas periferias e na Grande SP

Balanço do dia ainda é avaliado por moradores após chuvas fortes e situação delicada dos piscinões

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Renan Cavalcante/Agência Mural

Por: Renan Cavalcante | Aline Kátia Melo | Danielle Lobato | Karol Coelho | Humberto do Lago Müller | Lucas Veloso | Lucas Landin | Ira Romão

Notícia

Publicado em 10.02.2020 | 20:56 | Alterado em 10.02.2020 | 22:19

RESUMO

Balanço do dia ainda é avaliado por moradores após chuvas fortes e situação delicada dos piscinões

Tempo de leitura: 5 min(s)

A noite foi em claro para os moradores que têm casas próximas ao córrego Ribeirão Vermelho, no Jaraguá, região noroeste de São Paulo. “Logo quando mudei para cá, perdi tudo. Mas ontem conseguimos salvar”, diz  Gislaine Cristina Ferraz, 45.

Elas tiveram que correr para fechar as comportas, mas mesmo assim a água entrou pelos ralos internos da casa. Além da limpeza, há outros prejuízos.

“A gente gasta uma água danada para poder limpar. Ainda vem um rombo na conta de água. Na outra enchente, as contas vieram todas caras. Porque a gente lavou a rua, lavou as casas”, conta Andreia do Amaral Azevedo Alves, 37, que mora em um ponto mais alto da rua, mas ainda assim perdeu alguns móveis.

Ao lado do córrego Ribeirão Vermelho fica o Piscinão Anhanguera. Inaugurado em 2009, a estrutura não foi suficiente para conter a enchente na última madrugada e também transbordou alagando o trecho inicial da Estrada Turística do Jaraguá.

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Lixo na estrada Turística do Jaraguá @Renan Cavalcante/Agência Mural

A situação se estendeu em várias periferias da capital e em ao menos 10 cidades da Grande São Paulo, onde houve fechamento de escolas, interrupção no transporte público e enchentes.

Na zona norte, desde a manhã desta segunda-feira (10) vídeos e fotos no grupo de WhatsApp do bairro Jova Rural mostravam ocorrências na região. 

Houve deslizamento de terra na Rua Nossa Senhora Aparecida. Casas foram atingidas, mas não há registro de feridos. Algumas pessoas saíram dos imóveis, segundo o morador Germínio dos Santos Andrade.

Em Perus a chuva castigou em diferentes pontos e de formas distintas.

Na Vila Malvina, na Rua Francis de Castelnau com a Rua Bartolomeu José de Lorena, os moradores tiveram dificuldades para transitar tanto a pé quanto de carro.

Na Vila Fanton, na Rua Arestes o muro de uma casa veio abaixo. O portão ficou soterrado.

A estudante Anna Catarina Dória teve dificuldades para voltar para Perus após a aula.

“Saí da faculdade na Vila Mariana, às 11h. Cheguei na estação da Luz às 11h30. Mas só consegui embarcar no trem para Perus às 12h10. Antes disso os trens que passaram só iriam até Pirituba”. A estudante conta que o trem seguiu viagem lentamente. Ela só chegou no bairro às 14h. Percurso que em dias normais gastaria 50 minutos.

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Rua Aristeu, em Perus, teve deslizamento @Ira Romão/Agência Mural

Na Vila Nova Galvão, também na zona norte, quatro postes caíram na rua Mário Lago. Por ali, moradores estão sem energia elétrica.

Na zona leste, moradores do Itaim Paulista, são obrigados a enfrentar as fortes chuvas que levam móveis, roupas e até alimentos todos os anos. No entanto, a informação de que as comportas da barragem da Penha foram fechadas causou protestos e, para os moradores, intensificou os danos na região.

A justificativa do secretário estadual de Infraestrutura e Meio ambiente, Marcos Penido, é que houve a necessidade de fechamento para minimizar os alagamentos em Pinheiros e na Marginal. 

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Caminhão leva restos de móveis em Carapicuíba @Ana Beatriz Felicio/Agência Mural

GRANDE SP

O fechamento da barragem da Penha também foi citado pela prefeitura de Mogi das Cruzes. A gestão disse que há risco de alagamentos em bairros ribeirinhos. No município do Alto Tietê, o nível de chuva entre 19h de domingo (9) e 7h de seguinda-feira (10) foi de 36,6 mm, de acordo com o ponto de medição do DAEE, na Ponte Grande. A gestão também observou o aumento do nível do rio Tietê em 29 cm nesta entre a manhã e a tarde. 

Na cidade vizinha de Itaquaquecetuba, os bairros que margeiam o rio Tietê amanheceram alagados. O tráfego ainda está suspenso em importantes vias do município, como a avenida Almiro Dias, que liga o Centro ao Jardim Americano, e a estrada do Corta-Rabicho, que liga os bairros Jardim Caiuby e Jardim Maragogipe.

As cidades da região oeste como Osasco, Carapicuíba e Barueri foram fortemente atingidas e ainda estão contabilizando os danos do dia. No caso osasquense, a prefeitura decretou calamidade pública no final da noite.

Três pessoas se feriram em um deslizamento no Morro do Socó, no limite entre Osasco e Barueri. Além disso, 81 famílias foram retiradas da região considerada de risco.

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Imagem de rua alagada em São Lourenço da Serra @Arquivo Pessoal

Em Taboão da Serra, casas e comércios foram devastados e pessoas perderam pertences. Artistas da cidade estão pedindo ajuda para limpar a lama que tomou conta dos bairros Jardim Jussara e Vila Santa Luzia, após as enchentes causadas pelas fortes chuvas. 

Em 22 anos de existência do Teatro Encena, essa é a quarta enchente que atinge o espaço.

Próximo ao piscinão do Largo do Taboão, o Espaço Clariô cancelou o Sarau do Binho, previsto para ser realizado na noite desta segunda-feira (10). Além da mão de obra, estão solicitando materiais de limpeza, como baldes, rodos e vassouras. 

Na mesma região, em São Lourenço da Serra, moradores relatam nas redes sociais alagamentos em vias como a rua Ivone Pires Guimarães. Algumas pessoas ficaram ilhadas enquanto esperavam o nível da água baixar para saírem de suas casas. Houve deslizamentos de terra na Estrada da Barrinha e na rua Pedro Joaquim Soares. 

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Deslizamento no bairro Vila Popular, em Mairiporã @Defesa Civil/Divulgação

Em Mairiporã, apesar do grande volume de chuva, a região central da cidade teve poucos problemas com alagamentos e o comércio funcionou normalmente.

A principal preocupação da Defesa Civil do município é com o risco de deslizamentos. Em março de 2016 dez pessoas da mesma família morreram depois que uma encosta desceu sobre as casas no bairro Parque Náutico.

Por conta também de deslizamentos, alagamentos e quedas de árvores, as três principais estradas que cortam a Serra da Cantareira (Santa Inês, Roseira e Estrada Velha de Bragança) estão fechadas, mesma situação de outras ruas da cidade. Falta luz em diversos bairros.

Durante a manhã as linhas de ônibus que tem parada final no Terminal Tietê foram remanejadas para o metrô Tucuruvi.

Porém, no início da tarde, a Rodovia Fernão Dias (única ligação restante com a capital) também foi fechada no sentido São Paulo.

Nas cidades vizinhas, a situação também era de atenção. Em Francisco Morato, a prefeitura declarou estado de alerta para deslizamentos de terra. Não houve interdições na região central. 

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Ao longo do dia, um dos receios em Franco da Rocha era o aumento do volume de água da represa Paiva Castro. O transbordamento do local em 2011 causou uma das principais enchentes dos últimos anos da cidade. Notícias sobre uma alta no volume foram disparadas pelo celular, mas a gestão afirma que a situação está sob controle.

“Nos grupos de WhatsApp estão circulando áudios, notas e prints de supostas notícias sobre o assunto, todas falsas”, diz a prefeitura. 

Uma árvore caiu na rodovia Tancredo Neves, próximo à empresa Jandaia, interrompendo o tráfego para quem seguia no sentido São Paulo. Pela manhã, os reservatórios e piscinões estavam operando em capacidade máxima.

Em Caieiras, houve alagamento na rodovia Tancredo Neves e na avenida Waldemar Gomes Marino. As escolas tiveram as aulas suspensas no período da tarde. Também houve interrupção das aulas em Santana de Parnaíba e Cajamar.

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Renan Cavalcante

Jornalista. Pós-graduando em Jornalismo de Dados. Correspondente do Jaraguá desde 2018.

Aline Kátia Melo

Jornalista, pós graduada em Mídia, Informação e Cultura pelo CELACC. Criadora da página do bairro Jova Rural no Facebook e Jova York no Intagram. Geminiana, ama teatro, livros, música e gatos. Cofundadora e correspondente da Jova Rural desde 2011.

Danielle Lobato

Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.

Karol Coelho

É jornalista, cofundadora da Agência Mural e correspondente do Campo Limpo desde 2010. Colaborou com a criação da Escola Comunitária de Comunicação da Escola de Notícias, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Escreve poesias e tem um livro chamado "Estado Atmosférico", que produziu de maneira independente. Na Mural, também apresentou o Rolê Na Quebrada e o PodePá! e foi editora de projetos especiais.

Humberto do Lago Müller

Apaixonado por animais, desenho, fotografia, natureza. Praticante de turismo sem roteiros, conhecedor de escadões e mirantes. É logo ali! Correspondente de Mairiporã desde 2013.

Lucas Veloso

Jornalista, cofundador e correspondente de Guaianases desde 2014.

Lucas Landin

Mestrando em políticas públicas pela Universidade do Chile. Amante da política, das ferrovias e dos felinos. Entusiasta do transporte público. Correspondente de Itaquaquecetuba desde 2015.

Ira Romão

Jornalista, fotojornalista e apresentadora de podcast. Atuou em comunicação corporativa. Já participou de diferentes projetos como repórter, fotógrafa, verificadora de notícias falsas e enganosas. Foi uma das apresentadoras do ‘Em Quarentena” e da série sobre mobilidade nas periferias. Ama ouvir histórias, dançar, karaokê e poledance. Correspondente de Perus desde 2018.

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