A partir do dia 1º de junho, cidade de São Paulo terá mudanças na quarentena; cidades vizinhas questionam medida apenas da capital
Léu Britto/Agência Mural
Por: Paulo Talarico
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Publicado em 28.05.2020 | 10:18 | Alterado em 27.02.2024 | 16:22
A partir do dia 1º de junho, cidade de São Paulo terá mudanças na quarentena; cidades vizinhas questionam medida apenas da capital
Tempo de leitura: 3 min(s)Nas vésperas do anúncio do governador João Doria (PSDB) sobre a reabertura de parte dos comércios na capital, a Grande São Paulo ultrapassou a marca de 5 mil mortes por conta do novo coronavírus e chegou a quase 70 mil casos da enfermidade.
Em sete dias foram 16 mil exames positivos e mais de 800 perdas por conta da Covid-19. Além disso, a subnotificação e as dúvidas sobre quem realmente está contaminado permanecem em vários municípios. Levantamento da Agência Mural mostra ao menos 50 mil casos ‘em investigação’.
O governo estadual, contudo, determinou o início da abertura e criou cinco faixas de acompanhamento. Nível máximo de fechamento (vermelho), abertura controlada (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e controlado (azul).
A partir de 1º de junho, a cidade de São Paulo deixa de fazer parte da faixa vermelha, o mais rigoroso e vai para a faixa laranja com “retomada com restrições a comércio de rua, shoppings, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias”.
As demais cidades da região metropolitana permanecem com a situação mais rigorosa. O governo do estado afirma que levou em conta a capacidade hospitalar e o avanço do número de casos, e que as medidas serão acompanhadas toda a semana.
No entanto, a medida trouxe questionamento em todas as regiões da Grande São Paulo, por excluir apenas a capital das demais de 39 cidades. Argumentam que cada cidade tem um perfil particular sobre o avanço da doença.
Alguns gestores apontam que os municípios estão em situação menos grave do que a dos paulistanos e que a abertura levará moradores dessas cidades até a capital para trabalhar ou consumir, quebrando o isolamento social.
Antes da decisão, a capital paulista registrou 3.421 mortes por conta da Covid-19 – quase 28 por 100 mil habitantes. Apenas quatro das 38 cidades vizinhas registraram proporcionalmente mais perdas: Osasco (42), Barueri (28), Santa Isabel (31) Francisco Morato (28).
No caso do número de casos, a capital registrou 423 doentes com Covid-19 para cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Osasco (423) e de São Caetano do Sul (600).
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“Não há sentido liberar a cidade de São Paulo para fase 2 e manter a nossa região na Fase 1”, afirmou o prefeito de Itapevi, Igor Soares (Podemos). “Grande parte da população de Itapevi trabalha em São Paulo, ou seja, a movimentação e circulação de pessoas vai acontecer, com ou sem abertura parcial dos comércios”.
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), disse que não é possível retirar apenas a capital da região metropolitana para analisar os dados e somar os casos de uma cidade com as demais 38.
Ele cita que a cidade teve oscilação no número de leitos entre 61% e 73%, enquanto na capital variou de 85% até 92%. O prefeito lembrou as frases de que as medidas seriam baseadas na ciência, repetida pelo governador desde o começo da pandemia. “Também vou exigir que a ciência seja seguida”, disse. “Ou a cidade de São Paulo tem que continuar na quarentena ou temos direito de sair primeiro. Acho perigoso. Mas não dá para ser injusto.”
A situação varia de município para município. Em Guarulhos, a prefeitura anunciou que atingiu mais de 100% da capacidade de atendimento na UTI, mas que não houve colapso, pois iniciou a parceria com leitos das unidades privadas de saúde.
Quando se contabilizam os dados por região da Grande São Paulo, nenhuma está acima dos dados da capital. A região metropolitana é dividida nas sub-regiões oeste, sudoeste, norte, leste e Grande ABC.
No Alto Tietê, o Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê), composto por 10 cidades da Grande São Paulo, entre elas Guarulhos e Mogi das Cruzes, entrou com um pedido de revisão das medidas e afirmou que estuda entrar com medidas legais para garantir a flexibilização.
Apesar do anúncio do Governo do Estado e o início e a flexibilização na capital, as medidas de distanciamento ainda são consideradas importantes para evitar o avanço da Covid-19. A gestão afirma que os casos poderiam ter chegado a 1 milhão no estado se não tivessem sido adotadas as ações de distanciamento.
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
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