Com a proximidade do dia das mães, filhos e filhas contam como o coronavírus afetou a relação com as mães
Por: Redação
Notícia
Publicado em 08.05.2020 | 19:19 | Alterado em 16.12.2020 | 17:21
Nesses tempos de isolamento social e de tantas dúvidas, o “Em Quarentena” convidou filhos e filhas de diferentes periferias do Brasil para contar como está a relação com as mães durante a pandemia.
Mônica tem 20 anos e mora com a família, em Guaianases, no extremo leste de São Paulo. Ela abriu o episódio falando sobre sua mãe. “Minha mãe sempre foi meu ponto de apoio. Nós sempre fomos muito unidas. E nessa quarentena não tem sido diferente”. (ouça a partir de 00:01)
A jovem enfatizou ainda que com a quarentena o laço entra elas se fortaleceu. “Nós tomamos café da manhã juntas todas as manhãs. Conversamos sobre política e sobre tudo o que está acontecendo. Se eu não tivesse minha mãe neste período seria muito difícil enfrentar tudo isso”. (a partir de 01:34)
Maria Rita, que mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, também disse que se aproximou ainda mais da mãe nas últimas semanas e que juntas transformaram a sala de casa em pista de dança.
“Na quarentena descobrimos que tínhamos músicas [que gostávamos] em comum. Então escolhemos uma delas e treinamos uma coreografia juntas. Meu irmão acabou entrando no embalo e demos muitas risadas. Foram dias fazendo isso e agora a gente dança igual, os três”. (ouça em 02:32)
Jeorge, que mora na periferia de João Pessoa, na Paraíba, passava o dia todo na escola. Com a quarentena ele contou que voltou a se reconectar com sua mãe.
“Este momento está servindo para a gente colocar os panos na mesa. Da gente conversar, dialogar e procurar entender melhor um ao outro. De termos mais cumplicidade e nos respeitar mais. Isso tudo devido à pandemia”. (em 02:56)
Ele confessou que agora os dois não se desgrudam mais. “Teve mais tempo para assistir filme, conversar, dialogar e até brincar. Apesar de eu já ter 18 anos e saber que minha infância foi boa e eu ser grande, não me faz menos criança”. (em 03:21)
Vinícius de 20 anos e que mora em Osasco, na Grande São Paulo, compartilhou que aproveitou o período para conversar com a mãe sobre temas considerados ainda tabu.
“A gente tratou de assuntos muito íntimos durante esses dias em casa. Sobre sexualidade, identidade de gênero, família e infância. Assuntos que eram tratados em dias normais, mas que nunca foram tratados de forma tão intensa e com tanta sensibilidade”. (em 03:45)
Ele relembrou uma conversa que teve com a mãe, enquanto ele aprendia na prática a pintar o cabelo dela, atendendo a seu pedido. Na conversa a mãe expôs a preocupação do filho sofrer algum preconceito.
“Falar sobre isso sempre me emociona porque foi um espaço que eu sempre tive que conquistar. Mesmo que seja em ambiente familiar, eu tive que tentar desconstruir o máximo meus pais. Isso é uma realidade para muitos de nós”. (em 04:16)
A enfermeira Orleide está na linha de frente do combate ao coronavírus. Ela é baiana, mas vive em São Paulo com a mãe de 92 anos e revelou que a convivência com sua mãe está acontecendo após 26 anos.
“Depois que ela descobriu um câncer, veio aqui para São Paulo para fazer tratamento. Uma fase bem difícil, tratamento nesta pandemia. Mas graças a Deus, ela está em fase de recuperação”. (em 05:03)
Orleide contou que aprende com a mãe todos os dias. “Consegui enxergar em tudo que ela passa pra mim, no dia a dia, que a vida simples se completa com a partilha da bondade, generosidade, serenidade, sabedoria, esperança e fé. Às vezes, eu percebo uma sutil indignação dela em relação às coisas erradas da vida, mas o que sobressai é o amor que ela me mostra todos os dias”. (em 05:26)
Os entrevistados deixaram registrados neste episódio mensagens de agradecimentos para suas mães, em homenagem ao dia das mães.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #30: O relacionamento com as mães nas periferias durante a quarentena.
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