Os distritos da Vila Guilherme, com nenhum leito hospitalar, e da Vila Medeiros, com cinco, estão entre os mais desassistidos de São Paulo nesse quesito
Por: Redação
Publicado em 07.03.2017 | 13:47 | Alterado em 07.03.2017 | 13:47
Véspera de Carnaval. Enquanto os paulistanos se preparavam para aproveitar o feriado, o hospital José Storopolli, mais conhecido como “Vermelhinho”, no Parque Novo Mundo, estava lotado. Para os casos de emergência, esse centro médico e o pronto-socorro Vila Maria Baixa formam a pequena rede de saúde pública na prefeitura regional Vila Maria/Vila Guilherme. No total, a região tem apenas 538 leitos para uma população de 300 mil habitantes, já incluindo o hospital particular Nipo-Brasileiro, que informou “não atender pacientes do SUS ou encaminhados pela rede municipal”.
Os distritos da Vila Guilherme, com nenhum leito, e da Vila Medeiros, com cinco, estão entre os mais desassistidos de São Paulo nesse quesito, conforme o último levantamento do Observatório Cidadão, que avalia a proporção de leitos hospitalares públicos e privados disponíveis por mil habitantes.
Na UBS Vila Medeiros, a reportagem do 32xSP conversou com a dona de casa Caroline Oliveira, 25. Sob sol forte, ela aguardava atendimento do pediatra para a pequena Lorrany, de 2 anos. Ela conta que também já precisou se deslocar até o único hospital público da região. “Cheguei na UBS com dores no peito, e fiz um ecocardiograma”, diz. Como o resultado foi considerado normal, a dona de casa foi orientada a procurar um hospital, se o problema continuasse. “Sem outra opção, peguei uma perua e fui ao Vermelhinho. Fiz um monte de exames e voltei para fazer outros depois”, revela.
Em localização estratégica, ao lado da marginal Tietê e das vias Dutra e Ayrton Senna, o hospital José Storopolli tem 184 leitos, e recebe pacientes de outras regiões da cidade, o que aumenta o tempo de espera nos atendimentos.
Um exemplo é a dona de casa Maria Josefa Silva, 67, moradora da Jova Rural, na prefeitura regional do Jaçanã/ Tremembé, cerca de 10 quilômetros dali. “É muito longe de casa, levei quase uma hora pra chegar aqui. No hospital Mandaqui [estadual] tem muita gente. Aqui é mais longe, mas tem todo tipo de médico”, diz. A distância foi ainda mais complicada para o seu marido, o aposentado por invalidez Osvaldo Silva, 64. Cardíaco e com fortes dores nas costas, após “carregar uma pia pesada”, ele vai passar por nova consulta, desta vez com o ortopedista, e diz que, “apesar de longe” vai seguir o tratamento ali mesmo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os números de atendimentos mensais no hospital são expressivos. Vinte mil pessoas passam pelo pronto-socorro e 50 mil exames são realizados. A média de cirurgias é de 600 e a quantidade de partos chega a 180.
Questionada sobre a abertura de unidades hospitalares na região, a secretaria citou o Hospital Brasilândia, a mais de 20 quilômetros de distância, cujas “obras serão retomadas o mais breve possível, para ampliar a oferta de vagas”. O órgão destaca que na rede municipal “nenhum paciente fica sem atendimento, todos os casos são avaliados e os casos mais graves e urgentes são priorizados”.
Foto: Sidney Pereira
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