Por: Redação
Publicado em 09.04.2017 | 23:00 | Alterado em 09.04.2017 | 23:00
“Não tem nada pra comer?” Essa foi a primeira frase dita por um dos líderes comunitários que estava presente na tarde do último sábado (8), no CEU Jambeiro, zona leste da capital, para participar da audiência pública de Guaianases sobre o Plano de Metas da cidade. Na entrada, todos que foram à audiência preencheram seus nomes e receberam uma versão preliminar do documento. A pouca divulgação resultou no baixo quórum de pessoas, sendo a maioria líderes comunitários e/ou ligados a entidades políticas
O prefeito regional Antonio Eduardo dos Santos, o Chiquinho 90, deu início ao evento com uma breve fala sobre o objetivo da discussão e lembrou que não ali não era um espaço para o debate, mas para escutar as demandas da população. Logo em seguida, foi a vez da secretária municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, Soninha Francine. “Uma das coisas que eu odeio em audiência é que os vereadores falam por 30 minutos e a população, por 30 segundos”, discursou. Ao todo, a parlamentar falou por 18 minutos sobre a dinâmica do Plano de Metas.
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A mesa foi composta pelo prefeito regional, a chefe de gabinete, Roseni Geraldo e a secretária Soninha. Ficou definido que cada munícipe poderia falar por três minutos e que haveria 25 participações ao longo da tarde.
O primeiro a falar foi o Tatu, como é conhecido Tarcísio Brandão, 50, que destacou a falta de assistência com as pessoas em situação de rua. “A gente acorda cedo e se depara com eles na porta de casa pedindo comida. Esses dias, minha mulher chegou em casa e tinha uns três tomando banho lá na rua”, relembrou um caso pessoal.
Cerca de 120 pessoas participaram da audiência. Entre todas as falas, apareceram diversas demandas ligadas à área da saúde, educação, meio ambiente, segurança e esportes, fora os cumprimentos dispensados aos membros da mesa e ao prefeito João Dória (PSDB).
Um dos presentes era o boliviano Mário San, 62, membro do conselho participativo do bairro. Ele chegou a Guaianases aos 18 anos e, desde então, se envolveu com a comunidade boliviana do bairro. San lembrou que na região não tem uma Casa de Cultura e Acolhida para imigrantes e afirmou que se sente abandonado pelo poder público.
A professora de ensino infantil, Vivian Alves, 30, ressaltou a falta de objetividade nas metas e a necessidade de uma clareza maior quando se fala que existe a meta de que as salas de aula sejam melhores. “A questão da qualidade tem que estar atrelada à quantidade, pois se tem muito aluno, o ensino fica prejudicado”, exemplificou.
Se para todos os inscritos, o tempo máximo foi de três minutos, sendo cortados quando haviam ultrapassado, o vereador Senival Moura (PT), não sentiu essa pressão durante os sete minutos em que esteve com o microfone, sendo alertado do tempo quase no final de sua fala.
Para Soninha, a importância das audiências é ouvir quem mora no bairro. “Ninguém conhece tanto os problemas e potencial de uma região quanto quem mora”, afirmou. Quando questionada como foi a escolha dela pra vir em Guaianases, riu, e disse que ganhou Guaianases “Eu falei ‘oba, lá eu conheço’, beleza”.
Ao final da sessão, as principais prioridades trazidas pelos munícipes foram a conclusão da radial leste, que liga a região ao centro, além da construção de um piscinão para conter as enchentes que afetam o bairro, sobretudo no período do verão.
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Foto: Lucas Veloso
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