Por: Redação
Publicado em 11.04.2017 | 1:00 | Alterado em 11.04.2017 | 1:00
José Rivelino dos Santos era um dos pacientes na fila de espera no Hospital Municipal Professor Dr. Waldomiro de Paula – o Planalto, como é popularmente conhecido, que fica em Itaquera, na zona leste, no fim da tarde do último sábado, 8 de abril. O funileiro de 46 anos já havia sido atendido e aguardava um retorno do médico com o diagnóstico. “Demora muito, poderia melhorar”, respondeu ao ser questionado sobre o que ele sugeriria em relação ao atendimento do espaço.
– Hoje à tarde aconteceu uma audiência pública sobre o Plano de Metas na Prefeitura Regional para os moradores darem sugestões para o hospital e para o bairro. O senhor ficou sabendo?
– Não.
– O senhor sabe o que é o Plano de Metas?
– Não, eu não tenho esse conhecimento.
A operadora de caixa Elaine Cristina de Souza, 38, também saía insatisfeita do hospital, com o braço enfaixado, após aguardar três horas para ser atendida por um ortopedista. “Reforma ajuda, mas tem que ter mais médico, mais especialistas para darem um diagnóstico correto”, afirmou ao ser informada que esta foi umas das discussões da audiência pública realizada na sede da Prefeitura Regional, a uma quadra dali.
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O enfermeiro que trabalha no Planalto, Ricardo Barranco, conselheiro participativo e membro do Fórum Popular de Saúde de Itaquera, utilizou os três minutos de fala que teve direito durante a audiência para criticar o Plano de Metas, que não menciona a conclusão das reformas no hospital, já previstas na gestão anterior, com orçamento de cerca de R$17 milhões.
O servidor público também criticou o texto que prevê a construção de apenas seis UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em toda a cidade nos próximos anos. “Só aqui em Itaquera precisamos de três: no Jardim Helian, Jardim Novo Horizonte e na Vila Verde”. Uma das metas do eixo de Desenvolvimento Social do Plano é aumentar a cobertura da atenção primária à saúde para 70% em todo o município.
A dona de casa e líder comunitária Gevaneide dos Santos, 47, foi reivindicar melhoria do acesso viário e a regularização fundiária da área onde mora para ela e mais 70 famílias, incluindo o acesso a esgoto e à eletricidade, atualmente clandestina. O Plano de Metas prevê que 210 mil famílias sejam beneficiadas por procedimentos de regularização fundiária.
A audiência contou com cerca de 60 pessoas, a maioria líderes comunitários e representantes de associações ou instituições, além de dois vereadores. Presidida pelo prefeito regional Jacinto Reyes, contou ainda com a presença de Vladmir de Souza Alves, secretário adjunto de Justiça, e Douglas Buscaratto Gonçalves da Silva, chefe de gabinete, que ouviram os 25 cidadãos que se inscreveram para se manifestar durante o encontro.
A saúde foi uma das reivindicações mais presentes nas falas dos moradores, além de ampliação de atendimento em creches, de obras para o sistema viário, de piscinões, além de mais investimentos para atrair empresas e empregos para a zona leste.
A professora Elaine Cristina Tavares, integrante do “Movimento Verde”, foi defender a construção do Parque Nair Belo, na Cidade Líder, para o qual já foram destinados R$11 milhões via emendas e créditos de carbono. Pablo Paternosso, que aproveitou para trocar contatos com Elaine, criticou o congelamento do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura e reivindicou a implantação do Plano Municipal. “As metas não condizem com o sucateamento e os cortes”, afirmou o membro do Fórum de Cultura da Zona Leste
O empresário Antônio Gomes, presidente do Fórum de Desenvolvimento da Zona Leste, sugeriu que houvesse um documento específico para Itaquera, que pudesse incluir todas as solicitações levantadas durante a audiência. “O Plano de Metas da cidade não se adapta às demandas da região”. Em todo o documento, não há nenhuma menção a objetivos exclusivos para a prefeitura regional, que cuida de uma área com 523.848 moradores, segundo o site da Prefeitura de São Paulo.
Você ainda pode enviar sugestões ao Plano de Metas. Veja aqui como.
Fotos: Lívia Lima
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