Segundo pesquisa “Viver em São Paulo”, educação foi mencionada por 36% dos paulistanos. Em 2015, aposta era no combate à corrupção na polícia e nos presídios
Por: Redação
Publicado em 20.02.2018 | 15:09 | Alterado em 20.02.2018 | 15:09
Investir em educação de qualidade para jovens de baixa renda, para 36% dos paulistanos, é a medida mais importante para diminuir a violência na cidade, de acordo com o levantamento “Viver em São Paulo”, divulgado em janeiro pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência.
Segundo o professor de História, Raimundo Justino da Silva, 37, é necessária uma participação mais coerente que mobilize as pessoas para que a situação melhore. “Qual governo tem ou teve um projeto efetivo de melhora da educação no país? Quais comunidades, com seus pais, mães e responsáveis se aproximam da escola de seus filhos no intuito de colaborar para seu sucesso?”, questiona. “Quais agentes públicos, professores, diretores se organizam de fato para isso?”, complementa.
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Os resultados revelados na pesquisa deste ano são diferentes das conclusões em 2015, quando a maioria (34%) acreditava que o combate à corrupção na polícia e nos presídios era a principal ação para diminuir a violência na cidade. Entre as regiões, o centro (45%) e a zona norte (40%) foram as regiões que apresentaram porcentagens mais altas nessa alternativa.
“Sem educação eu não teria chegado onde estou. Acredito que sempre precisarei para fomentar os meus desejos de expansão e conquistar outras coisas”, relata o estagiário de publicidade Luan Miguel Kalil Saad, 24, ao definir a importância educacional em sua vida. Opinião que segue na mesma linha pela maioria dos paulistanos.
Saad teve sua trajetória construída dentro dos muros das escolas públicas do seu bairro, a Vila Maria, na zona norte da capital. Segundo o jovem, o acesso aos estudos foi a chave para alcançar os conhecimentos que possui hoje, além de conseguir fazer escolhas que não seriam possíveis se o percurso tivesse sido outro.
“A educação é muito importante pelo fato dos estudos nos proporcionarem conhecimentos e novas maneiras de acessar o mundo e de vê-lo, de forma mais expansiva e com melhores perspectivas e expectativas”, afirma.
“Acho que é essencial ocupar o tempo dos jovens com algo que trará retorno intelectual e cultural, além de uma nova qualidade de vida que o permita fazer escolhas por ter estudado”, completa.
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Para Justino, que também é mestre em Estudos Culturais pela Each-USP Leste, há uma parcela de políticas que deve partir do poder público para proporcionar educação de qualidade. Mas, salienta, por outro lado, a população interessada na questão também deve estar alinhada com as melhores práticas para exigir bons resultados.
“É óbvio que há a responsabilidade institucional é dos governos, e ajudaria muito se eles fossem sérios, mas acho que não dá pra sociedade civil esperar muito, ainda mais no contexto atual do país”, reitera. “A educação de qualidade precisa estar conectada a outros elementos, como a cultura, a comunidade e ao território”, finaliza.
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