Dados foram divulgados por meio da Lei de Acesso à Informação e mostra as dificuldades de quem depende do transporte público para transitar entre cidades
Tempo de leitura: 4 min(s)A cada 15 minutos, um ônibus intermunicipal quebra ou apresenta alguma falha na Grande São Paulo. Os dados foram divulgados pelo “Diário do Transporte” e obtidos via Lei de Acesso à Informação. Entre janeiro e agosto de 2018, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), registrou em média 104 quebras ou falhas por dia.
A empresa é responsável por garantir o transporte dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo e conta com ônibus que superam 10 anos de operação. Apesar da quantidade, o número de falhas foi 17,4% menor do que no ano passado, quando foram registradas 30.375 ocorrências nos primeiros oito meses do ano.
A maior parte dos casos de quebras ocorreu nos municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista e Cotia que a empresa denomina como área 1. A região tem cerca de 866 ônibus intermunicipais com 8.442 ocorrências até o momento.
O Consórcio Unileste, que atende a área de Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Suzano e São Paulo com 364 ônibus, diminuiu em 28% as ocorrências da região. A operação dos trajetos da Internorte (região de Guarulhos) e Anhanguera (no entorno de Osasco) foi praticamente a mesma com 6.362 falhas e 2.974, respectivamente.
Segundo informações da empresa metropolitana, foram registradas 25.091 ocorrências de falhas e quebras nas cinco áreas operacionais gerenciadas pela EMTU na Grande São Paulo. Ao todo, trafegam 4.496 veículos na região metropolitana.
Moradora de Taboão da Serra, Ellen Vasconcelos, 18, já passou por muitas situações em que sofreu atrasos por causa de problemas no veículo. “Quebrar a ponto dos passageiros terem que trocar de ônibus nunca passei. Mas sempre o ônibus morria e demorava pra voltar a funcionar.”
A estudante de letras afirma que se atrasava na época em que fazia terapia no centro de Itapecerica da Serra, município vizinho.
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A estudante de jornalismo Giovanna Rampini, 21, parte de Itapecerica da Serra e vai até a avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, todos os dias para trabalhar. A moradora gasta R$ 5,05 pela passagem e reportou o mesmo tipo de situação. A diferença é que o carro não voltava a funcionar.
Segundo a moradora, por vezes, os passageiros tiveram de pagar uma segunda passagem, após terem de trocar de ônibus. “Não deixam a gente entrar por trás, ou quando deixam está muito cheio”, completa. Ela também reclama do atraso por causa dessas situações.
Já Sandra Silva, 44, pega o ônibus 032 – Parque Paraíso/Pinheiros, que custa R$ 5,05 a viagem, saindo de Itapecerica da Serra. A profissional em contabilidade considera que o motorista é o mais prejudicado. “Às vezes dá pra perceber que ele está incomodado. Parece que quando ele pega o ônibus, percebe que não está bom, mas é obrigado a sair mesmo assim”, diz Sandra.
A EMTU afirma que “os números absolutos de ocorrências de falhas e quebras não refletem a complexa operação do sistema metropolitano de transporte por ônibus na Grande São Paulo” e que é necessário levar em conta “a quilometragem percorrida pelos veículos”.
Das quatro áreas mapeadas pela empresa, quando se considera a proporção entre os quilômetros rodados e o número de quebras, a área 1, que cobre a zona sudoeste da Grande SP, continua sendo a mais prejudicada: 0,0016 falhas por quilômetros corridos. As linhas que atendem a região percorrem cerca de 753 mil km por mês. A que possui menos falhas nessa conta é a área de Osasco: 0,0004.
A EMTU também afirmou à Agência Mural que realiza fiscalizações e inspeções regularmente no transporte intermunicipal e monitora a operação das linhas a distância. “Na constatação de problemas e condições inapropriadas de operação, o veículo fica retido até o devido reparo e a empresa operadora é autuada.”
Sobre a manutenção dos veículos, a empresa diz que as inspeções são realizadas uma vez por ano em carros com até dez anos de fabricação. Em ônibus que estão em operação há mais de dez anos, as verificações são a cada seis meses.
No cálculo de idade média dos ônibus metropolitanos, a de maior duração é da área 5, que é operada por empresas isoladas, sem vínculo em consórcio e atende o ABC Paulista. A idade média dos veículos é de 9,39 anos, segundo dados da EMTU fornecidos à Agência.
A linha de menor tempo de duração, com 6,53 anos, é a área 3, formada por Arujá, Guarulhos, Mairiporã, Santa Isabel e São Paulo que percorre uma média de 799 mil quilômetros por mês.
A DIVISÃO DAS LINHAS INTERMUNICIPAIS NA GRANDE SÃO PAULO E NÚMERO DE FALHAS
O sistema administrado pela EMTU divide a região em seis áreas e o número de quebras entre janeiro e agosto de 2018:
Área 1: formada pelas cidades de Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista e São Paulo – 8.442 casos.
Área 2: formada pelas cidades de Barueri, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e São Paulo – 2.974 casos.
Área 3: formada pelas cidades de Arujá, Guarulhos, Mairiporã, Santa Isabel e São Paulo – 6.362 casos.
Área 4: formada pelas cidades de Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Suzano e São Paulo – 4.106 casos.
Área 5: formada pelas cidades de formado pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – 3.207 casos.
Julia Reis é correspondente de Taboão da Serra
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